O Brasil teve mais um trimestre em queda da atividade econômica, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após oito trimestres de crescimento, apesar de baixos, no primeiro trimestre de 2019 a economia voltou a cair.
O resultado veio alinhado a expectativa de analistas. Vários dados já mostravam anteriormente que a situação do país vinha se deteriorando, uma vez que o consumo das famílias caiu e setores importantes como o de Serviços, registraram menor volume nos primeiros meses do ano.
O PIB caiu 0,2% em comparação com o trimestre imediatamente anterior, ou seja, o último trimestre de 2018, quando oscilamos 0,1%. Em valores correntes, isso é, no ano que o produto foi produzido e comercializado, o produto atingiu R$1,714 trilhões.
A Agropecuária (-0,5%) e a Indústria (-0,7%) recuaram, enquanto os Serviços subiram 0,2%. Nas atividades industriais, a queda foi puxada pelas Indústrias Extrativas (-6,3%), Construção (-2,0%) e Indústrias de Transformação (-0,5%). Já a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 1,4%.
O Produto Inter Bruto (PIB) é a soma de todos os bens finais produzidos na economia. O PIB é contabilizado em preços constantes e correntes. No primeiro, é usado uma ferramenta chamada deflator do PIB, que tende a retirar o efeito da inflação do cálculo. Já o PIB a preços correntes é quando o produto é produzido e comercializado no mesmo ano. Comumente, o PIB a preços constantes é chamado de PIB real; já a preços correntes é chamado, no linguajá econômico, de PIB nominal.
Por que a economia não decola?
A economia brasileira teve seu último resultado negativo no quarto trimestre de 2016, quando caímos 0,6% e a recessão no ano foi de 3,6%. No primeiro trimestre de 2017 o PIB avançou 1%, contudo, puxado pela Agropecuária que subiu 13% naquele período.
Desde então, o Brasil não observou grandes crescimentos do PIB, com a variável subindo 1% 2017 e repetindo o crescimento de 1,1% em 2018.
O motivo pelo qual o PIB não tem mostrado tração, segundo o economista Renato Felipe, é devido ao fraco consumo das famílias e também devido ao desinvestimento adotado pelas empresas não-financeiras:
“As famílias estão desempregadas e endividadas. As empresas estão em desalavancagem, isso quer dizer que também estão endividadas e quando se percebe que a dívida é excessiva, num contexto de baixo consumo e portanto baixo faturamento, as empresas passam a desinvestir”, disse ele, que continuou:
“O governo precisa apresentar uma alternativa que vise renegociar a dívida das famílias. Cerca de 62 milhões de pessoas fecharam 2018 com dívidas e estão sem condição de adquirir crédito para consumir. Além disso, o governo precisa discutir medidas que visam a redução do juro no mercado de crédito, a fim de baratear o custo do dinheiro para ajudar a impulsionar a economia. Por fim, precisamos de espaço fiscal para fazer investimento público, apesar de saber que o orçamento está bem engessado com o teto de gastos aprovado na gestão de Michel Temer”, argumentou.
Perguntado se a Reforma da Previdência poderia gerar mais crescimento ao país, o economista deixou dúvidas sobre esta potencialidade da reforma:
“É claro que no curto prazo a reforma tende a melhorar as expectativas, uma vez que mostra que o governo está tentando equacionar a problemática fiscal pelo lado certo, as despesas obrigatórias. Contudo, esta é uma reforma que não impulsiona o consumo, não garante maior viabilidade de investimentos empresariais. Pode até fazer o governo ter mais espaço para investir, mas não é algo que se vai ver no curto prazo. A reforma é para o médio e longo prazos. Contudo, ela é essencial para o equilibrar o componente do déficit estrutural das contas públicas.”
“A questão é que empresário não investirá porque o governo aprovou a reforma. Vai investir se houver demanda pros seus bens ou serviços”, terminou.
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