O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Abner Henrique (Cidadania), esteve de frente à maior exposição de sua imagem nos últimos dias. Ele assumiu uma secretaria – no início do governo de JM – que passou a ser uma das mais importantes da gestão pública em Nova Lima e lançou a maior oferta de cursos técnicos em nossa cidade.
A importância da sua pasta vem de um assunto central e extremamente “caro” para Nova Lima: a diversificação econômica. A cidade que vem escalando em patamar de receita e atingiu R$1 bilhão de reais em 2021, é dependente dos royalties do minério e sabe que a exploração de minério não vai ser uma realidade para sempre. Segundo o jovem secretário, estudos apontam que a “exaustão mineral poderá acontecer daqui a 35 anos”.
Abner deu uma entrevista para o Jornal Sempre Nova Lima nesta última semana e falou sobre assuntos econômicos de Nova Lima. Ele foi candidato a vereador em 2020 e obteve 1.114 votos. Veja a entrevista:
1) O termo diversificação econômica entrou na pauta do governo municipal. A cidade não pode mais esperar para projetar o seu futuro sem o minério?
A diversificação econômica é muito mais que um termo, ela deve ser prioridade na agenda de qualquer gestor público, sobretudo nas cidades em que sua economia esteja concentrada em apenas uma atividade, como é o caso de Nova Lima. Os números, inclusive, endossam que o momento é agora para a construção de uma cidade mais forte do ponto de vista socioeconômico, ambiental e autossustentável. Para se ter ideia, de janeiro a maio de 2020, a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) foi de R$ 20,7 milhões. Já no mesmo período, para 2021, registramos um aumento de 251%, quando a receita foi da ordem de R$ 79,5 milhões em royalties. Isso respalda as nossas ações e deixa claro que o futuro é hoje, que não podemos esperar o amanhã para trabalharmos a nossa independência financeira e, consequentemente, uma economia local mais resistente às crises. E mais justa!
2) Como você vê a transição entre uma cidade minerária, para uma cidade que não vai depender mais do minério? A administração trabalha com um lapso temporal?
Não trabalhamos com um lapso temporal porque entendemos que a cidade vem, ao longo de sua história, trabalhando a diversificação econômica. Prova disso é a vocação natural de Nova Lima para a atração de novos investimentos, que não o da atividade minerária. Como exemplos, além de sua localização geográfica privilegiada, temos um Plano Diretor em constante revisão, o Fundo de Inovação, Núcleo de Projetos Prioritários e programas de Formação de Mão de Obra endossam a diversificação econômica entre as prioridades do município. Essa transição vem acontecendo ao longo da nossa história, e levando em conta as potencialidades de cada região da nossa cidade.
3) Neste plano, existe um setor que você buscará ter maior prospecção de empresas?
Somado as outros programas já existentes no município, a atividade minerária terá um papel preponderante para a diversificação econômica de Nova Lima. É que duas empresas são proprietárias de cerca de 50% do território municipal, nesse sentido, acreditamos que esta é uma oportunidade de as mineradoras participarem ativamente do processo de independência financeira local ao destinar terrenos para a ocupação de novos negócios. O Programa de Desenvolvimento Econômico de Nova Lima, que está em construção e será lançado pela Prefeitura no primeiro semestre deste ano, tem como objetivo a promoção da diversificação econômica a partir da atividade minerária, de suas múltiplas cadeias produtivas e de outros potenciais a ela ligados; a atração de empresas com baixo impacto ambiental, aumentando a arrecadação municipal e preparando mão de obra local qualificada para ocupação dos postos de trabalho.
4) Fala-se muito sobre quando vai acabar a produção mineral. Existe uma previsão para isso?
Sim. As previsões, para as minas de ferro localizadas no município, apontam para uma exaustão mineral que poderá acontecer daqui a 35 anos. Então esse é o prazo que temos para trabalharmos a diversificação da economia local e transformar a matriz econômica do município em caráter definitivo para não ficarmos tão dependentes da atividade minerária. Esse prazo pode se prolongar? Pode, mas os estudos apontam para esse prazo.
5) O Tec+ tornou-se a maior oferta de curso técnico para os nova-limenses. Por que perpassa pela qualificação da mão de obra a construção de uma cidade preparada para a diversificação?
As empresas levam vários fatores em conta quando decidem buscar um município para investir. Disponibilidade de terrenos, infraestrutura, incentivos tributários, logística, e também disponibilidade de mão de obra qualificada. Por isso, o Carreiras Tec + vai formar 605 pessoas em sua primeira fase, todas técnicas em áreas de alta demanda, através de uma formação de primeira qualidade, garantida por instituições de alto prestígio nacionalmente, como SEBRAE, SENAC e SENAI. Estamos elevando a qualidade da mão de obra de Nova Lima e certamente essa disponibilidade de excelentes profissionais atrairá a atenção das empresas.
6) A visão, acreditamos, não pode estar apenas voltada para grandes empresas e grandes negócios. Estas são importantes pela capacidade de gerar impostos, criar empregos, mas as pequenas e médias empresas possuem sua grande importância na construção de uma economia mais diversificada. Qual o plano nesta vertente?
O programa de diversificação econômica de Nova Lima não vai primar por porte de empresas e sim pela qualidade dos seus negócios. Queremos empresas ambientalmente corretas até porque a cidade não pode receber empreendimentos de grandes impactos ambientais, justamente por sua vocação ambiental. Vamos priorizar os bons negócios convergentes com as questões ambientais do município e com o mapeamento dos clusters que apontam para a biotecnologia, negócios digitais, economia criativa e para a indústria limpa. Não é apenas uma questão de quantidade e tamanho, mas sim de qualidade com o tipo de empregos gerados e o que elas agregam de valor à economia local.
7) As grandes transformações econômicas no mundo estão ligadas à tecnologia. A transição da carta escrita à mão para o e-mail; dos anúncios em jornais para anúncios em redes sociais; do táxi para o Uber. É o que Schumpeter (economista austríaco) chamou de destruição criativa. Empresas de tecnologia viraram o grande trunfo de governos. É também por este caminho que Nova Lima poderá seguir?
A tecnologia é sim um ponto forte, mas não é o único. Em Nova Lima, buscamos essa diversidade. Um projeto de fomento em andamento, por exemplo, mapeou os principais clusters compatíveis com a qualificação e gestão ambiental preconizadas pelo município. O Vila da Serra, por exemplo, sedia âncoras em diversas áreas de serviços de saúde, como o Hospital Biocor, Hospital Vila da Serra e várias empresas do segmento de Consultoria e Gestão Empresarial. O Vale do Sol, por sua vez, o potencial é voltado para a Biomedicina. Já a sede do município tem como destaque a Economia Criativa, iniciada a partir de um projeto da AngloGoldAshanti de revitalização da área central, o qual prevê a criação de oportunidades para o resgate da história e o estabelecimento de uma nova vocação local. E ainda, os distritos de São Sebastião das Águas Claras (Macacos) e Honório Bicalho, com potencialidades de negócios voltados para o turismo ecológico.