Qualquer tipo de violência é sinônimo puro e claro da falta de educação de alguém. Adversidades acontecem. Você pode bater o carro, trombar com alguém, se desentender, discutir. Mas partir para a violência é característico de um povo que não consegue ultrapassar aquilo que o aflige, com o mínimo de decência.

A tentativa de agressão ao presidente do Villa Nova e vereador em Nova Lima, Anísio Clemente Filho, é a mostra crua e nua de uma sociedade mal educada. E veja bem, ninguém aqui está dizendo que ver o Villa rebaixado não gera insatisfação. A frustração é legítima. O Villa Nova, com toda sua tradição no futebol mineiro, foi rebaixado para o Módulo 2 do Campeonato Mineiro. A dor do torcedor é compreensível, afinal, é o clube que representa a cidade, a história e a paixão de gerações. Mas a violência não é a resposta. Nunca foi e jamais será.

O futebol, embora envolto em emoção, é apenas um esporte. Nas vitórias, celebra-se; nas derrotas, aprende-se. O que se viu, no entanto, foi a tentativa de transformar a tristeza em agressão, de materializar a frustração na busca por um culpado físico. E esse comportamento não reflete o espírito esportivo, mas a intolerância que tem tomado conta de muitos setores da sociedade.

O rebaixamento do Villa Nova deve, sim, ser analisado. O planejamento, as decisões, os erros e acertos precisam ser debatidos de maneira séria e responsável. O torcedor tem o direito de cobrar, de se indignar, de exigir respostas. Mas agredir o presidente ou qualquer outro membro da diretoria não mudará o resultado no campo, não reorganizará o clube e, acima de tudo, não trará o Villa de volta à elite do futebol mineiro.

A reconstrução do Villa Nova passa pela união, não pela violência. Passa pela cobrança inteligente, pelo apoio nas horas difíceis, pelo entendimento de que, assim como na vida, no futebol também existem ciclos. O Villa já caiu antes, já voltou e tem totais condições de se reerguer novamente. Mas, para isso, é preciso maturidade, não selvageria.

Que este episódio sirva de reflexão. O futebol é paixão, mas deve ser, acima de tudo, um espaço de convivência pacífica. Porque, no fim das contas, quem perde com a violência não é apenas o presidente do clube ou os jogadores, mas a própria torcida, que se afasta do verdadeiro significado de torcer: apoiar, acreditar e, quando necessário, recomeçar com dignidade.

Texto assinado por Renato Felipe Marcelino, sócio-administrador do Jornal Sempre Nova Lima

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