Foto: Jornal Sempre Nova Lima e Portal Nova Lima – Na direita o Diretor da Defesa Civil, William Silva; na esquerda o Coordenador da Defesa Civil, Róbson Silveira – 06/01/2023
Entrevista em parceria do Jornal Sempre Nova Lima e Portal Nova Lima
A Defesa Civil Municipal (DCM) concedeu na tarde desta última sexta-feira, dia 6, por meio do Coordenador do órgão, Robson Silveira, junto ao diretor de Gestão de Risco Risco e Desastres, William Silva, uma entrevista conjunta do Portal Nova Lima e o Jornal Sempre Nova Lima.
Eles passaram um diagnóstico das ações da DCM e falaram que o foco é mitigar os efeitos do período chuvoso, principalmente em áreas de movimento de massa, ocupações urbanas irregulares, na MG-030 e do desenvolvimento do Plano de Contingência para atuação imediata no município.
Qual a média de ocorrências diárias nestes últimos dias?
Tivemos em torno de 185 atendimentos nos últimos dias, principalmente em bairros da região Nordeste (Bicalho, Nova Suíça, Nossa Senhora Fátima), principalmente alagamentos na regional. A média tem sido com aumento da chuva, 25 a 30 atendimentos, com mais atendimentos no período da tarde com aumento da precipitação.
Quais as áreas demandam mais atenção do órgão?
Temos muita atenção em pontos de alagamentos e inundação, com mais atenção em toda região Nordeste. Trabalhamos também efetivamente na fiscalização do bairro Matadouro e áreas mais hidrológicas da cidade. As quedas de barrancos incluiu neste quesito quase a cidade inteira, com ponto crítico na MG-030, por conta das obras e as diversas contenções a serem feitas ao longo dela, o que também nos preocupa bastante.
Temos muita área de ocupação irregular, essas áreas também demandam muito da gente, por serem afetadas por deslizamentos.
A barragem de contenção do Ribeirão dos Cristais está em pleno funcionamento? Algum risco para o centro da cidade?
Por ser uma estrutura para contenção de cheia, ela é acionada quando se há um grande volume de chuva, retendo a água e liberando gradativamente, dentro da capacidade de vazão do Ribeirão. Nosso monitoramento mostra que mesmo com a chuvarada, ela não atingiu o limite de vazão.
A população deve ficar alerta na região Nordeste?
Temos acompanhado com apreensão o nível do “das Velhas”. Antes do período chuvoso o nível era de 2,5m, chamando atenção para o assoreamento, que é de 1,5m, com a lama de água entorno de 0,50cm, com uma elevação média diária [com a chuva] de 0,40/0,45 cm. O que contribui para diminuição é a estiagem, mas mesmo sem registro de chuva, mantemos a atenção e inspeções periódicas em Itabirito e Rio Acima. Com o nível amarelo, já chamamos a atenção da população.
Como tem sido o monitoramento na região?
Nós temos um agente da Defesa Civil que é de Bicalho e seu ponto exclusivo é lá. Ele passa as medidas constantemente através de grupo nas redes sociais, inclusive de madrugada caso seja necessário.
Como é o monitoramento dos índices de chuva?
Nós, a Defesa Civil Estadual e muitos outros órgãos acompanhamos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Uma observação é que o clima é muito volátil, então, estamos em alerta. Importante frisar que apostamos na prevenção, avisando sempre que se provisiona chuvas fortes.
Qual o nível crítico do Rio que vai fazer a Defesa Civil se mobilizar para evacuação das pessoas das suas casas?
É importante falar do sistema de alerta, é algo que a população quer saber. Hoje temos estes níveis operacionais de risco do rio. Hoje sabemos que em 4,20m ele (rio) atinge um nível muito alto e dentro desta faixa que é a laranja, passaremos um comunicado através de veículos de som que rondam as regiões, pedindo a população pra ficar em alerta, que a Defesa Civil está fazendo o monitoramento, mas que é para eles ficarem atentos ao cenário de chuva forte.
Quando ele atingir a cota dos 5 metros, é a informação para evacuação. Neste caso pediremos para as pessoas saírem de suas casas e procurarem abrigos municipais que serão instalados, ou abrigos, ou casa de parentes.
Qual o poder de resposta da DCM neste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado?
De uma certa forma o nosso poder de resposta é totalmente diferente. Até mesmo pela experiência. A chuva de ano passado a gente tinha 3 meses de Defesa Civil, hoje temos 1 ano e 3 meses, já muda bastante.
E dentro disso a gente trabalha com um Plano de Contingência, conseguimos aprovar um plano que está em pleno vigor. O mais importante do plano é envolver toda a Prefeitura dentro da resposta, dentro da ação. Temos todas as secretarias envolvidas, com nomes, telefone, que a gente chama e eles têm o fluxo de ação.
Acuruí é muito importante para a atenção da cheia do rio em Bicalho e demais regiões?
É muito interessante esta pergunta porque ela é histórica do distrito de Bicalho e de Rio Acima. Ela (Acuruí) já foi muito importante para este tipo de situação. Porém, hoje a barragem lá está entre 70 e 80% assoreada. Então o volume que está lá dentro é muito pouca. O volume de água que entra dentro da barragem hoje eles liberam automaticamente, porque ela não tem capacidade de reter muita água, até por questão de segurança. Então hoje é como se a barragem não existisse.
Mas o grande problema da barragem não é só ela, porque temos uma contribuição muito grande do rio de Itabirito. Então a soma das duas (barragem e rio) que se preocupa. Mas temos um monitoramento direto através de um programa que automaticamente consegue ver ao vivo a situação e fora disso, a Cemig comunica com todas as Defesas Civis que está a jusante (abaixo) dela, quando chega a uma capacidade de liberação tanto da barragem, quanto do rio Itabirito, de 120 mil metros cúbicos por segundo.
Ou seja, seja qualquer horário. No ano passado me ligaram por volta de 3, 4 horas da manhã, para informar que o sistema estava nesta capacidade. Mas a barragem posso assegurar que não é nosso problema hoje. Nosso problema é a bacia que é imensa e dependendo da chuva que cair nas cabeceiras, a água vai vir pra cá mesmo.