Do G1

Nesta segunda-feia (9) vai ser divulgado o Mapa da Violência Contra a Mulher. O Brasil é um dos cinco países do mundo onde a violência contra a mulher é maior. Um estudo detalhado sobre esse tipo de covardia vai ser divulgado daqui a pouco. O Bom Dia Brasil antecipa os dados. O levantamento mostra que 13 mulheres são assassinadas por dia, em média, no país – uma a cada duas horas –  e que as mais desprotegidas são as mais pobres e as negras.

O estudo mostra que os índices de violência contra a mulher subiram mais nas regiões Nordeste e Norte. E que as maiores vítimas são as negras. A pesquisa comparou os dados do Ministério da Saúde de 2003 a 2013 e foi feita pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com o apoio das Nações Unidas.
“Aí, comecei a chorar, comecei gritar e quanto mais eu gritava, mais ele batia”.

A estudante que tem medo de mostrar o rosto não foi agredida só uma vez pelo ex-namorado. Na segunda agressão, dentro de um carro, pensou que ia morrer.
“Começou dar golpes na minha cabeça com o braço e eu tentava me desvencilhar, sair assim um pouquinho, aí vinha no rosto também. Foi quando eu consegui abrir a porta do passageiro e um rapaz veio e perguntou o que estava acontecendo. Ele falou que era briga de casal e eu falei que não, não é briga de casal não, que ele vai me matar, me ajuda, me ajuda!”
Milhares de mulheres no país inteiro não tiveram a sorte de receber ajuda. O Mapa da Violência mostra que, em 2013, foram 4.762 mulheres assassinadas: são 13 mortes por dia.

No mês passado, em João Pessoa, Claudia Bernardino dos Santos foi morta a facadas pelo marido porque queria se separar dele. A filha dela, de 15 anos, apoiava a decisão da mãe e também foi morta. O assassino confesso está preso.

Já o ex-namorado de Lidhia Bruna dos Santos continua solto. Ele é principal suspeito de matar a tiros a jovem de 21 anos, em Fortaleza, há duas semanas. Também em Fortaleza, na semana passada, Marcelina Nunes foi morta com um tiro na cabeça pelo marido, com quem vivia há 30 anos, porque queria se separar. E no litoral do Ceará, em Paracuru, Marcelo Barberena está preso, depois de confessar ter matado a mulher e a filha de 8 meses, com um revólver.

Em São Paulo, Anderson Rodrigues Leitão foi para a cadeia na semana passada porque estrangulou a ex-namorada, a dançarina Ana Carolina Vieira.

O estudo revela que um, em cada três assassinatos de mulheres, é cometido por parceiros ou ex-parceiros. E que mais da metade dos crimes acontece dentro de casa.

Os pesquisadores dizem que leis como a Maria da Penha são um avanço na proteção das mulheres.

Mas falta muito. E alguns grupos são mais vulneráveis. Em 10 anos, o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10%. E o de negras subiu 54%.

O autor do estudo, Julio Jacobo Waiselfisz, diz que essa diferença é principalmente uma questão econômica.

“A população branca ganha aproximadamente 70%, de 50% a 70% mais que população negra”, explica.

A socióloga Rosana Schwartz, professora de sociologia da Mackenzie, defende um caminho para mudar a cultura machista.

“Primeiro, com a educação, porque é lá que você promove as grandes transformações. Então, discutir gênero é necessário que se faça, desde criança mais jovem até a universidade”, diz.

A estudante que denunciou o ex-namorado agora está em paz: conta com a assistência do Ministério Público e o agressor está proibido de se aproximar dela.

“Eu tive coragem, eu não fiquei com vergonha porque meu sutiã estava rasgado, porque eu estava machucada, eu poderia vir aqui para o meu quarto, chorar a noite inteira e ele ia continuar fazendo isso com outras mulheres”, diz.

O estudo mostrou ainda que em uma década alguns estados apresentaram um crescimento na taxa de homicídio absurdamente elevada. Em Roraima, os números quadruplicaram e na Paraíba, triplicaram. Já outros estados, como São Paulo e Rio, apresentaram queda.

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