Os moradores de São Sebastião das Águas Claras (Macacos) não confiam mais na Vale, segundo falas dos próprios numa reunião da Associação Comunitária local na noite da última quinta-feira, dia 31 de janeiro. 

Num ambiente relativamente escuro a medida que a claridade do dia desaparecia, o salão usado ficou cheio de moradores da região que estão assustados com os recentes acontecimentos em Brumadinho e buscavam ali, uma resposta ao que se acreditava ser uma barragem no local. Descobriram, portanto, que não se trata de uma barragem apenas, mas também de um dick de contenção de água, produto da decantação da atividade minerária.

Não confiam na mineradora porque todas as notícias dão conta de que técnicos especializados em barragens, davam a entender que a barragem de rejeitos da Mina do Feijão, em Brumadinho, não possuía quaisquer possibilidades de rompimento. O resultado está escancarado: mais de 100 mortes, mais de 200 desaparecidos e um desastre humanitário sem precedentes. 

A Vale era esperada na reunião desta última quinta-feira, contudo, informou que os engenheiros que poderiam dar detalhes sobre a situação em Macacos estavam soterrados na lama de Brumadinho – uma triste ironia do destino. Pouca informação, uma discussão se a barragem e o dick foram construídos na tecnologia a montante ou a jusante – esta última mais segura, e no fim mais do mesmo: não se sabe o plano de segurança, de evacuação ou qualquer coisa do tipo, a fim de mitigar os efeitos humanitários se o pior acontecer.

O prefeito de Nova Lima, Vitor Penido de Barros (DEM), anunciou a criação de uma comissão que vai acompanhar a saúde das barragens na cidade (Leia). Os vereadores Silvânio Aguiar (Solidariedade), “Coxinha” (PRTB) e “Boi” (Patriota), acompanharam as reuniões, sendo que Aguiar também esteve no local na última quinta.

Inclusive, Silvânio publicou um vídeo e disse que vai buscar maiores articulações em Brasília com o deputado Zé Silva (Solidariedade), que vai coordenar as investigações da Câmara Federal sobre a mais recente tragédia em Minas Gerais. 

Apesar da presença do poder público, os olhares atônitos dos moradores de Macacos dava a tônica daquele encontro. Querem respostas rápidas e respostas que estejam a altura das suas preciosas vidas, a fim de evitar o pior. Mas, se o pior acontecer, querem planos emergenciais que de fato consigam preservar a vida.

Novos encontros devem ser feitos. Além da comunidade política e alguns ambientalistas, a imprensa também foi convocada para impulsionar e dar ciência para um público maior, da atual situação. Não só Macacos vive dias de espanto. Rio Acima também está assustada já que a barragem da Mundo Mineração está abandonada e em recente estudo da Federação Estadual do Meio Ambiente (Feam), o auditor não garantiu estabilidade à mesma.

Especialistas deixam claro que esta barragem não tem potencial de atingir casas e pessoas. Mas, a 2 Km da sua estadia, está o Rio das Velhas, o rio usado para bombear água para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Basta um simples rompimento para que o caos esteja instalado.

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