Um adolescente de apenas 15 anos, tem usado imagens de cunho racista em suas redes sociais (Instagram e Whatsapp). A situação tem gerado revolta no Facebook, rede que o garoto não possui.
O menino que colocou na sua biografia uma frase de efeito e religiosa, acabou excluindo seu perfil quando publicações contrárias começaram a emergir e a “viralizar” – uma forma de dizer que começaram a ter engajamento.
Garoto excluiu seu perfil após repercussão |
O garoto cometeu o crime de racismo e não injúria racial. Há diferenças entre ambos. Segundo Milena Pavan, em artigo no “Jus Brasil”, “o crime de racismo está previsto na Lei n.º 7.716/89 e ocorre quando as ofensas praticadas pelo autor atingem toda uma coletividade, um número indeterminado de pessoa, ofendendo-os por sua ‘raça’, etnia, religião ou origem, assim, impossível saber o número de vitimas atingidas. A pena prevista é a reclusão de um a três anos e multa e é inafiançável.”
Já “o crime de injúria racial está previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal e ocorre quando o autor ofende a dignidade ou o decoro utilizando elementos de ‘raça’, cor, etnia, religião, condições de pessoas idosas e portadores de deficiência. Neste caso, diferente do racismo, a autor não atinge uma coletividade, e sim a uma determinada pessoa, no caso, a vitima. Já a pena prevista é detenção de um a seis meses ou multa e é possível o pagamento de fiança.”
Um rapper nova-limense foi um dos que se levantou contra a situação. Vitor Delatorvi escreveu: “Boa noite a todos. Venho fazer um apelo muito sério nesse momento. Navegando pelas redes sociais, notei que existe um racista (declarado) entre os jovens de Nova Lima-MG.”
Ele contou que o jovem possui fotos do líder nazista alemão, Adolf Hitler, que cometeu atrocidades contra as minorias, entre eles os negros. Hitler falava de uma “poluição racial” e o nazista obrigou que negros fossem esterilizados e casais “mistos” foram obrigados a se separar.
Numa das fotos postadas pelo estudante, uma garotinha negra está sob a mira de uma arma. Na ocasião a frase é: “Domingão fui fazer um churrasco… O carvão quis sair correndo (sic)”.
Em outro post, compartilhado pelo Facebook de terceiros, o estudante postou uma foto no status do Whatsapp, onde aparece uma mulher de cabelo cacheado com os dizeres: “Se cabelo liso fosse bonito chamava cabelo cacheado”; “Se cabelo cacheado fosse importante não nascia no meu cu (sic)”.
As denúncias contra o racismo cresceram mais de 13 vezes em seis anos. Em 2016 em contraste com 2015 o aumento foi de 37%, quando 192 denúncias foram registradas. O Brasil viveu 400 anos de escravidão. Segundo o livro de Celso Furtado, “Formação Econômica do Brasil”, o mercado negreiro era mais rentável do que a exportação de cana de açúcar por parte dos portugueses no período colonial. Ou seja, vidas eram tratadas como objetos e ainda configuravam um “mercado”.
Quando pensamos que não, vários trabalhadores são flagrados trabalhando em situações análogas à escravidão. No programa “Profissão Repórter”, da “Rede Globo de Televisão”, apresentado pelo jornalista Caco Barcelos, um português é preso em flagrante pelo crime. Um usuário da rede social Twitter, ao comentar o caso, escreveu: “Não é que voltamos no tempo, são aqueles tempos que não saíram da nossa gente branca”, disse.
A Lei Áurea, no entanto, aboliu a escravidão em 13 de maio de 1888. Ainda segundo especialistas, como o próprio Furtado, não porque os ingleses pensavam nas atrocidades da escravatura. Mas porque ao abolir a escravidão, almejavam criar um mercado consumista no Brasil e, com isso, fazer com que o país importasse máquinas da Inglaterra para ampliar sua produção.
O Sempre Nova Lima não vai divulgar imagens, nomes ou qualquer que seja a identidade do garoto, já que é menor de idade.