Marcos Valério em foto de 2016 — Foto: Futura Press

MATÉRIA DO G1

O empresário Marcos Valério, alvo de uma operação contra sonegação fiscal envolvendo atacadistas e supermercados nesta terça-feira (2), deve R$ 666,4 milhões à União, segundo dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Valério já foi condenado por participação nos esquemas conhecidos como mensalão do PT e mensalão tucano. Agora, ele é alvo de autoridades por, conforme as investigações, estar no núcleo executivo de organização criminosa que comandou caso de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com atacadistas, redes de supermercados e empresas do setor varejista em MG.

Informações da lista de devedores da PGFN apontam 53 débitos tributários associados ao CPF de Valério, no valor total de R$ 653,6 milhões. Há também uma multa criminal de R$ 12,8 milhões. Os montantes analisados pelo g1 não têm relação direta com a operação deflagrada nesta terça.

A lista da Procuradoria reúne pessoas físicas e jurídicas com débitos com a Fazenda Nacional ou com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) inscritos em dívida ativa e em situação irregular.

Há passivos relacionados a Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e imposto de renda de pessoas física e jurídica. Eles foram inscritas em dívida ativa ente 2007 e 2016.

Quem é Marcos Valério

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, natural de Curvelo (MG), ficou conhecido por ser o operador do mensalão do PT, esquema de compra de votos no Congresso Nacional revelado em 2005.

Segundo as investigações, era ele quem repassava o dinheiro aos parlamentares. Marcos Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão – a maior pena entre todos os 24 condenados por envolvimento nos crimes.

Ele era sócio de agências de publicidade e comunicação DNA e SMP&B Comunicação e Propaganda, que, segundo as investigações, eram usadas para lavar dinheiro.

Marcos Valério também já recebeu outras condenações, como a de 2018 por participação no mensalão tucano em Minas Gerais, em 1998, além de crimes de sonegação fiscal e falsificação de documento público, corrupção ativa e formação de quadrilha.

Atualmente, ele cumpre pena domiciliar em Nova Lima, na Grande BH.

Operação contra sonegação

A operação realizada nesta terça-feira (2) apura um esquema de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica envolvendo atacadistas, redes de supermercados e empresas do setor varejista no estado.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), as empresas investigadas deixaram de recolher mais de R$ 215 milhões em ICMS ao longo dos últimos anos.

O esquema funcionava com a criação de empresas de fachada, conhecidas no meio fiscal como “barrigas de aluguel”. De acordo com o MPMG, elas eram usadas para simular vendas para outros estados onde o ICMS é mais baixo.

Notas fiscais fraudulentas eram emitidas para simular viagens interestaduais de mercadorias, quando, na realidade, os produtos eram entregues a redes de supermercados e atacadistas mineiros.

Segundo o documento que embasou as buscas, ao qual a TV Globo teve acesso, Marcos Valério é considerado “participante do núcleo executivo da organização criminosa, possuindo superioridade hierárquica em relação aos demais investigados”. Fontes ligadas às investigações afirmam que ele coordenou o esquema que ajudou empresas do setor atacadista a sonegar impostos.

A defesa do investigado disse que ele “sempre se colocou integralmente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos, pautando sua conduta pela legalidade, transparência e cooperação”. Destacou também que, na busca e apreensão realizada na casa do suspeito, não foi “localizado qualquer material de natureza ilícita”.

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