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MATÉRIA DO G1

Em um dia histórico e que cimentou o fim da guerra na Faixa de Gaza, os últimos 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam sob poder do grupo terrorista Hamas foram libertados nesta segunda-feira (13).

O grupo, todos homens e em maioria jovens israelenses, passou mais de dois anos em cativeiro e voltou a Israel nesta manhã, como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

Além de encontros emocionados com parentes, milhares de pessoas em Israel também festejaram nas ruas o retorno dos últimos reféns vivos entre os sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, quando a guerra começou.

Outros 28 reféns que morreram em cativeiro também devem ser libertados pelo acordo assinado por ambas as partes. No entanto, até a última atualização desta reportagem, apenas restos mortais de quatro deles haviam sido devolvidas pelo Hamas, segundo as Forças Armadas de Israel.

O grupo terrorista não havia se pronunciado sobre quando ocorrerá a devolução do restante dos corpos, o que gerou revolva entre os parentes. “Estamos chocados e consternados. Isso fazia parte do acordo”, disse um comunicado do fórum de parentes de reféns mortos.

No total, o Hamas sequestrou 251 pessoas no ataque terrorista de 2023. Outros reféns foram libertados ao longo de outros acordos de cessar-fogo.

A devolução dos reféns ocorreu em paralelo à libertação de 1.968 prisioneiros palestinos, que também foram recebidos por milhares de pessoas em cidades na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

“É um dia histórico, o fim de uma era de mortes e terror no Oriente Médio”, declarou o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, durante um discurso que fez no Parlamento israelense nesta segunda.

Ovacionado pelos deputados israelenses em mais de 20 momentos ao longo de seu discurso, Trump elogiou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mas também reivindicou para si a conquista de um cessar-fogo em Gaza.

“Sou um pacificador. Isso é o que eu faço”, disse o presidente dos EUA, um dos mediadores nas negociações de paz.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o Oriente Médio entra em “tempos de paz”. “Há tempos de paz e tempos de guerra. Os dois últimos anos foram tempos de guerra, mas agora entramos em tempos de paz. Dentro e fora de Israel”, declarou.

Próximos passos

Na sequência à devolução dos reféns e à libertação dos prisioneiros, líderes mundiais, entre eles Trump, o presidente francês, Emmanuel Macron, e chefes de países árabes realizaram uma cúpula no vizinho Egito para discutir os próximos passos do acordo.

Por enquanto, Israel e Hamas acordaram apenas com um cessar-fogo, e não uma paz definitiva, mas a ideia é que o acordo evolua para o fim definitivo na guerra que já dura mais de dois anos na Faixa de Gaza.

Para isso, é preciso ainda que a segunda fase do acordo seja implementada — essa etapa envolve a criação do conselho que irá supervisionar a Faixa de Gaza no pós-guerra e a devolução das armas por parte do Hamas, algo que o grupo terrorista já se negou a fazer.

Enquanto isso, os líderes mundiais que participaram da cúpula do Egito assinaram a oficialização do acordo de cessar-fogo na cidade egípcia de Sharm El-Sheik, que sedia a cúpula de paz em Gaza, como está sendo chamada a reunião.

Além de Trump, mais de 20 líderes participaram da cúpula de paz, entre eles:

  • O presidente francês, Emmanuel Macron;
  • O premiê do Reino Unido, Keir Starmer;
  • A primeira-ministra da Itália, Gioria Melon;
  • O emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani;
  • O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan;
  • O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas;
  • O presidente do Egito, Abdul Fatah Al Sisi;

Netanyahu havia confirmado nesta segunda-feira que iria ao encontro. Porém, minutos depois, seu gabinete disse que ele não iria mais e deu como justificativa a proximidade com um feriado judaico.

O acordo

O plano de paz entre Israel e Hamas foi apresentado no fim de setembro por Donald Trump e negociado com a mediação de Egito, Catar e Turquia. Veja alguns pontos a seguir.

🟢 Reféns: o Hamas mantinha 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista em 2023. As demais vítimas foram libertas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses.

💥 Ataques em Gaza: o plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza e o recuo das tropas israelenses.

  • O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro prevê uma retirada gradual das tropas do território palestino.
  • Logo após o anúncio do cessar-fogo, as forças israelenses recuaram para uma linha acordada com o Hamas.
  • Com isso, Israel diminuiu a área de ocupação em Gaza de 75% para 53%.
  • O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns.
Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. — Foto: Arte/g1

Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. — Foto: Arte/g1

🔎 O que falta esclarecer: Apesar do início do cessar-fogo, vários detalhes do plano de paz ainda não foram divulgados.

  • Segundo o presidente Trump, outras fases do acordo estão em negociação. Ainda não se sabe como serão as próximas etapas.
  • Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca.
  • Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. O grupo terrorista tem indicado que não concorda com a ideia.
  • O Hamas disse também que não vai acertar uma tutela estrangeira na governança de Gaza, algo previsto no plano dos Estados Unidos.

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