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SEMPRE NOVA LIMA – Empresas não se comunicam apenas com seus lucros. Elas se comunicam com o público, sobretudo quando suas atividades podem gerar danos e externalidades negativas. O lucro, em si, é legítimo e necessário — uma medida do sucesso empresarial. Mas quando uma companhia da envergadura da Vale se instala em uma região, gerando empregos, renda e impostos, é preciso que também assuma responsabilidades.
O que não podemos aceitar é o narcisismo gerencial da Vale em Minas Gerais. Para além das tragédias que marcaram o estado e ceifaram vidas, a empresa segue sob suspeita de práticas que beiram o desrespeito. O vereador Wesley de Jesus (Republicanos) instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias, mas a luta não pode ser travada apenas por ele.
O relatório judicial que aponta contaminação do Rio das Velhas por minério enriquecido é gravíssimo. Tanto a Vale quanto outra mineradora podem estar envolvidas. No contexto da CPI, o Sempre Nova Lima solicitou posicionamento da Vale. A resposta não veio. Uma empresa que se beneficia de recursos locais e impacta diretamente a população preferiu o silêncio diante de questionamentos legítimos.
É justo gerar empregos destruindo o meio ambiente? É justo lucrar bilhões e se negar a dialogar com quem sofre as consequências? Macacos já sentiu os efeitos da crise da Vale, e o que foi investido no distrito está longe de compensar o faturamento da companhia.
Nosso jornal buscou a Vale por meio de seu setor de comunicação, por telefone e com dados de processo em mãos, dando prazo estendido para manifestação. A AngloGold respondeu. A prefeitura respondeu. A Vale não.
Respeito é bom, e Nova Lima exige. A população quer respostas claras: quais medidas reparatórias serão adotadas no Rio das Velhas? A empresa vai se esquivar da CPI? Como pretende mitigar os danos às comunidades ribeirinhas? O silêncio da Vale não diminui a gravidade da denúncia — apenas aumenta a indignação de quem exige responsabilidade.