MATÉRIA DO G1
A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% de pneumonias em crianças menores de 2 anos, passará a ser oferecida pelo SUS em novembro deste ano. A distribuição da vacina na rede pública para a proteção de gestante e bebês começa na segunda quinzena de novembro.
Na rede particular, a vacina para bebês pode custar até R$3.680, em média.
O vírus sincicial respiratório é comum no inverno e complicações associadas a ele, como bronquite, bronquiolite e pneumonia, levaram a 83 mil internações de bebês prematuros, entre 2018 e 2024.
A imunização materna favorece a transferência de anticorpos para o bebê, o que contribui para a proteção nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade ao VSR.
A vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano, oferece proteção imediata aos recém-nascidos e vai beneficiar aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos.
- A cada cinco crianças infectadas pelo VSR, uma necessita de atendimento ambulatorial
- Em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de vida.
- No Brasil, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados anualmente.
- O risco é mais elevado entre os prematuros, cuja taxa de mortalidade é sete vezes maior do que a de crianças nascidas a termo.
O Brasil passará a produzir o imunizante e as primeiras 1,8 milhão de doses serão adquiridas por meio do acordo envolvendo o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, que serão entregues até o fim deste ano.
Em novembro, o Ministério da Saúde vai iniciar o envio das primeiras 832,5 mil doses da vacina contra o VSR e, até dezembro, vai distribuir mais 1 milhão para todo SUS.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou, nesta quarta-feira (10), uma parceria de transferência de tecnologia da vacina.
“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego, renda e conhecimento ativo no nosso país”, afirmou o ministro Alexandre Padilha.
O Comitê Técnico Assessor do Ministério da Saúde segue o que recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS) – uma dose a partir da 28ª semana de gestação. A pasta informa que, com a implementação da vacina, será possível avaliar, no Brasil e em outros países, a necessidade de novas doses em futuras gestações.
Abrysvo, da Pfizer, foi aprovada pela Anvisa em abril de 2024
Em fevereiro, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) já havia informado que iria incorporar este ano duas novas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo VS no SUS: a vacina Abrysvo, da Pfizer, e o anticorpo monoclonal Beyfortus, da Sanofi.
Até então, a principal opção disponível para a prevenção do VSR no SUS era o palivizumabe, destinado a bebês prematuros extremos (com até 28 semanas de gestação) e crianças com até dois anos de idade que apresentassem doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave.
Desenvolvida pela Pfizer e aprovada pela Anvisa em abril de 2024, a Abrysvo é indicada para os dois grupos mais vulneráveis às infecções provocadas pelo VSR: os idosos e os bebês. Para gerar a proteção nos pequenos, o imunizante é aplicado na gestante, entre o segundo e terceiro trimestre.
O nirsevimabe, desenvolvido pela Sanofi e aprovado em 2023 pela Anvisa, é uma proteína produzida em laboratório que imita a capacidade do nosso sistema imunológico de combater patógenos nocivos, como os vírus. Aplicado em dose única, oferece proteção direta e rápida, uma vez que o anticorpo pronto não exige a ativação do sistema imunológico. O nirsevimabe é um anticorpo monoclonal indicado para a prevenção do VSR em recém-nascidos e crianças até 24 meses.
Quanto custa a vacina na rede privada?
Confira os valores, em média, da vacina contra o VSR, na rede particular, por faixa etária:
- Até 2 anos: R$ 3.550 (até 5 kg) e R$3.680 (mais de 5 kg)
- Adulto (acima de 60 anos): R$ 1.640
- Gestante: R$ 1.810
A primeira vacina do mundo contra o VSR – a Arexvy, da farmacêutica britânica GSK – foi aprovada nos Estados Unidos em maio de 2023. Na época, o imunizante era indicado apenas para pessoas com 60 anos ou mais.
Surtos de VSR em momentos inesperados após a pandemia de Covid
Durante a pandemia de Covid-19, o isolamento social impediu a circulação do vírus e, como resultado, muitas crianças não tiveram a oportunidade de criar imunidade contra ele. Quando as medidas de isolamento foram relaxadas, o VSR se deparou com uma vasta população de bebês e crianças suscetíveis, causando surtos em momentos inesperados.
O VSR passou a surpreender hospitais e famílias a qualquer momento do ano e os surtos não sazonais sobrecarregaram equipes médicas.
A maioria das crianças vai ser infectada pelo vírus antes dos dois anos, segundo o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC). Na maioria dos casos, o quadro será semelhante ao de um resfriado e a recuperação se dá por conta própria. Mas, em alguns bebês e crianças pequenas, o vírus pode causar bronquiolite – inflamação nos brônquios pulmonares, causando dificuldades para comer e respirar.
Além da vacina, outras medidas podem ajudar na prevenção:
- Lavagem cuidadosa de mãos
- Distanciamento de bebês vulneráveis por pessoas com coriza ou tosse