Nesta terça-feira, dia 15 de abril, policiais estão cumprindo mandados em oito estados do país como parte de uma operação coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A ação tem como alvo um grupo criminoso que utiliza redes sociais e aplicativos de mensagens para espalhar discursos extremistas, mensagens de ódio e estímulos à automutilação entre adolescentes.
Denominada Adolescência Segura, a operação tem como base uma investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que identificou o cometimento dos seguintes crimes pela rede criminosa que age no ambiente virtual, por meio de plataformas criptografadas como o Discord e Telegram:

- Apologia ao nazismo
- Armazenamento e divulgação de pornografia infantil
- Incentivo à automutilação
- Induzimento e instigação ao suicídio
- Maus-tratos a animais
- Tentativa de homicídio
As penas previstas para os crimes investigados podem superar 10 anos de prisão. Até a última atualização, as autoridades haviam efetuado a prisão de dois adultos e a apreensão de seis menores de idade.
Ao todo, a operação mobilizou agentes para o cumprimento de dois mandados de prisão temporária, 20 de busca e sete de internação provisória de adolescentes infratores em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A investigação teve início em 18 de fevereiro, após um homem em situação de rua ser alvo de um ataque brutal: um adolescente lançou dois coquetéis molotov contra ele, causando queimaduras em 70% do corpo da vítima. O crime foi registrado ao vivo e transmitido por Miguel Felipe a aproximadamente 220 usuários conectados à plataforma Discord. Miguel foi preso, e o adolescente, apreendido.
A família do adolescente procurou a polícia quando o viu nas imagens. Os agentes encontraram no celular dele arquivos relacionados a abuso sexual infantil. Em depoimento, ele afirmou que receberia R$ 2 mil pelo ataque. A polícia então constatou que o caso não era isolado: agências de investigação dos Estados Unidos já haviam emitido alertas sobre a atuação de uma rede criminosa dedicada à propagação de ódio nas redes sociais.
Agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav-RJ) também constataram que os integrantes do grupo criminoso utilizam estratégias de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, “em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes”.
“Como estímulo, eram oferecidas recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas”, informou o MJSP.