Foto: Reprodução/X

Vídeo

Um vídeo de um turista argentino desligando uma caixa de som em uma praia viralizou nas redes sociais.

Apesar de o local não ter sido identificado, é possível ouvir música brasileira no vídeo. Roni Bandini, o turista, mencionou no X ter visitado Salvador e Fortaleza. Ele usou um bloqueador de sinal para interromper a conexão entre o celular e a caixa de som, dispositivo que afirmou ter desenvolvido e planeja comercializar.

No entanto, aparelhos desse tipo não são homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), tornando sua venda e uso proibidos no Brasil, segundo um especialista em tecnologia e segurança consultado pelo g1.

“O aparelho mostrado no vídeo emite um sinal Bluetooth intenso na direção da caixa de som, gerando interferência na comunicação com o celular. Essa interferência impede que a caixa receba o sinal do celular com qualidade e o decodifique para reproduzir o som da música, resultando no silêncio”, disse Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks.

Quando questionado se o equipamento poderia bloquear caixas de som com CDs e pendrives conectados, ou rádios FM sintonizados, o turista esclareceu que isso não é possível. O dispositivo atua exclusivamente como um bloqueador de sinal Bluetooth, necessitando de uma conexão via ondas entre o celular e a caixa de som para funcionar.

Em uma publicação no Medium, o turista reconheceu que o dispositivo pode interferir em outros equipamentos que operam na frequência de 2,4 GHz. Ele também admitiu que, dependendo do país, “afetar o funcionamento desses dispositivos pode ser ilegal”.

Entre os aparelhos que utilizam essa frequência estão dispositivos de Wi-Fi, automação residencial (IoT), telefones sem fio, consoles de videogame e drones.

“Essa técnica, conhecida como jamming, consiste em dificultar ou interromper comunicações sem fio ao gerar uma forte interferência na mesma frequência utilizada pelos dispositivos. O equipamento responsável por essa interferência é chamado de jammer”, explica Ayub.

De acordo com ele, um jammer não é um aparelho homologado, o que torna sua venda proibida no Brasil.

Essa tecnologia ganhou destaque recentemente devido ao caso de uma aeronave da Embraer abatida no Cazaquistão, em 25 de dezembro de 2024. O avião, com mais de 60 pessoas a bordo, sofreu interferência no GPS e oscilou de altitude por 74 minutos, conforme informações do site Flighradar24.

Ayub, por sua vez, explicou que forças militares utilizam o jamming de GPS para dificultar a comunicação de mísseis e drones com satélites de geolocalização, impedindo o voo desses equipamentos bélicos.

O especialista esclarece que, segundo a legislação brasileira, a compra, venda, entrada no país e uso de qualquer aparelho que emita sinal Bluetooth devem ser homologados pela Anatel.

Atualmente, diversos dispositivos que utilizam comunicação Bluetooth necessitam dessa homologação, como celulares, fones de ouvido, teclados e mouses sem fio, relógios inteligentes, câmeras fotográficas e filmadoras, drones, entre outros.

“Esse regulamento tem como intenção justamente impedir que aparelhos diferentes criem interferência entre si”, completa.

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