MATÉRIA DO GE
Foram sete anos sem nenhum brasileiro disputar uma temporada de F1, desde a aposentadoria de Felipe Massa em 2017. Mas a espera, enfim, terminou: o jovem Gabriel Bortoleto, de apenas 20 anos, foi anunciado como reforço da Sauber para 2025 e completa o grid da próxima temporada, trazendo de volta a bandeira brasileira à categoria.
Desde julho, o brasileiro passou a ser especulado para o segundo assento da Sauber para a temporada 2025 da F1, o que ganhou ainda mais força nos dias que sucederam o GP de São Paulo deste ano. Ele assume a vaga de Valtteri Bottas e formará a dupla do time suíço ao lado de Nico Hulkenberg, que deixará a Haas rumo ao time suíço no próximo ano.
Líder do atual campeonato da Fórmula 2, e campeão da Fórmula 3 em 2023, ele já tem 30 pontos da superlicença (documento exigido para guiar na categoria) e, mesmo que não leve o título da F2 deste ano, conseguiria os dez restantes só por terminar a temporada, ao menos, em sexto lugar.
O jovem de São Paulo será o 32º piloto do Brasil a passar pela categoria; o primeiro desde Pietro Fittipaldi, que substituiu Romain Grosjean nos GPs de Sakhir e Abu Dhabi após o grave acidente do franco-suiço em 2020, e o primeiro desde Felipe Massa, em 2017 – quando se trata de temporadas inteiras.
Bortoleto é assessorado há dois anos por Fernando Alonso por meio da A14, empresa fundada pelo bicampeão. No ano seguinte, juntou-se à Academia de Jovens Pilotos da McLaren, responsável por lançar para a F1 nomes como Lewis Hamilton, Lando Norris e Oscar Piastri. Em exclusiva ao ge, ele revelou a influência do bicampeão no acordo com a equipe britânica.
Relembre trajetória de Bortoleto
O piloto paulista começou a competir de kart aos sete anos de idade, no Brasil, em 2011. Campeão brasileiro e vice estadual da modalidade, na categoria Mirim, mudou-se para a Europa em 2013. Lá, conquistou a terceira colocação no Mundial e no Europeu CIK-FIA (categoria OK Junior). Gabriel também venceu o Sueco de kart, e foi ainda vice na WSK Super Master Series.
O jovem estreou em carros de fórmula (open wheel) em 2020 na Fórmula 4 italiana, com a equipe Prema. Sua primeira temporada valeu um quinto lugar no campeonato de pilotos, com uma vitória e quatro pódios. De lá, ele foi para a Formula Regional Europeia (FRECA), categoria que disputou por dois anos. O primeiro deles foi com a FA Racing, equipe de Alonso, procurada pelo próprio Bortoleto.
O brasileiro ficou em 15º no campeonato e, em 2022, passou a correr pela R-Ace GP, equipe campeã no ano anterior. Suas duas vitórias, na Bélgica e na Espanha, renderam um sexto lugar no campeonato. O bom momento rendeu um contrato com a Trident para disputar a Fórmula 3 em 2023: Gabriel venceu em sua etapa de estreia, no Bahrein sob olhares orgulhosos de Alonso.
O adolescente voltou a vencer, na etapa seguinte, na Austrália. Com 20 pontos de vantagem, passou a liderar o campeonato, estendendo sua liderança com um pódio no Circuito de Spielberg na Áustria.
Posteriormente, Zak O’Sullivan surgiu em segundo lugar na tabela, mas o paulista já havia anotado 43 pontos suficientes para mantê-lo na liderança até o fim da temporada. O título foi assegurado pela ausência de seus rivais, Paul Aron e Martí, na pole position da última etapa, em Monza na Itália. Com isso, Gabriel tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar um título da F3.
Trajetória na F2
Ainda no fim de 2023, ele foi anunciado como titular da Virtuosi na Fórmula 2, último degrau rumo à F1. A estreia no Bahrein foi com uma pole position – Gabriel chegou em sexto na corrida sprint e foi quinto na prova de domingo.
Sua segunda pole foi na etapa de Imola, quando o brasileiro passou a usar um capacete em homenagem ao tricampeão Ayrton Senna. Lá, ele conquistou seu primeiro pódio ao chegar em segundo lugar na corrida principal, vencida pelo futuro rival Isack Hadjar. Em Mônaco, mais uma segunda colocação; a primeira vitória chegou duas rodadas depois, na Áustria.
Seu terceiro pódio da temporada, em Spa-Francorchamps, o fez subir para a vice-liderança do campeonato que tinha o francês Hadjar em primeiro. Bortoleto ainda venceria segunda vez, com muita autoridade, em Monza, na Itália: largando em último lugar.
O brasileiro chamou atenção pelo desempenho e recebeu elogios da McLaren, de Alonso e até da própria F1, pelas redes sociais. A conquista o deixou a 10,5 pontos de Hadjar na tabela, diferença superada por ele com o quarto lugar no Azerbaijão para assumir a ponta do campeonato.
Dias antes, no começo de setembro, Bortoleto fez sua estreia com carros de F1: ele guiou um modelo antigo da McLaren no Circuito de Spielberg, na Áustria – palco de sua primeira vitória na F2. O teste, praxe para pilotos de academias júniores na elite do automobilismo, fortaleceu os rumores de seu acerto com a Sauber para 2025.