A seca prolongada em Minas Gerais está afetando vários setores e pode prejudicar o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Para enfrentar essa situação, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) solicitou a implementação de um trabalho de manobra para reabastecer a bacia do rio das Velhas.
Iniciada em 20 de agosto, essa operação ocorre nas lagoas do Miguelão, das Codornas e dos Ingleses, em Nova Lima, em colaboração com o Grupo de Controle de Vazão do Alto Rio das Velhas (Convazão). O acesso ao local foi possibilitado após a autorização da AngloGold Ashanti, que detém a propriedade das reservas hídricas.
Durante a manobra, as lagoas irão desaguar nos dois córregos que alimentam o rio do Peixe, afluente do rio das Velhas, situado entre os municípios de Nova Lima, Itabirito e Rio Acima. Segundo Ronaldo Serpa, superintendente da Unidade de Negócio Metropolitana da Copasa, a utilização da água das lagoas permitirá um maior aumento da vazão da bacia do rio das Velhas até o fim do período de estiagem.
Serpa também destaca que a Copasa está colaborando com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Comitê do Rio das Velhas a partir do monitoramento sistemático e ininterrupto do nível do rio.
Haverá algum impacto no abastecimento?
Segundo Núbia Nolli, gerente de Macrooperação de Água da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o abastecimento da população não será afetado pela iniciativa. Atualmente, o Sistema Paraopeba, que faz parte do Sistema Rio das Velhas e reúne as represas Rio Manso (Brumadinho), Serra Azul (Juatuba) e Várzea das Flores (entre Contagem e Betim), guarda 62% do respectivo volume útil, suficiente para garantir o abastecimento na RMBH.
Ela explica que essa medida é uma das ações da Copasa para prevenir possíveis desabastecimentos. As ações intensificaram-se após a onda de calor em novembro do ano passado, que afetou o sistema hídrico do Estado, incluindo a bacia do rio das Velhas. Desde então, a Copasa segue com um plano de manobras no sistema integrado.
O projeto envolve a operação de fontes complementares de produção. Durante sua implementação, são instaladas e substituídas ventosas, inseridos equipamentos para eliminar o ar nas redes de água, redimensionadas bombas e ativados reservatórios, entre outros processos técnicos.
Além disso, a Copasa informou que fontes alternativas de captação foram utilizadas através da reativação de poços em municípios mais distantes da RMBH. Essa estratégia aumentou a capacidade de produção de água em locais na ponta do sistema.
Novo reservatório pode ampliar captação do rio das Velhas
Diante das ondas de calor e estiagens cada vez mais frequentes, a Copasa planeja construir um novo reservatório de água na bacia do rio das Velhas. O objetivo é aumentar a capacidade de armazenamento durante o período chuvoso, garantindo que o recurso não falte durante a seca.
Sérgio Neves Pacheco, gestor de empreendimentos de grande porte da companhia, afirmou que a estrutura está em fase de estudos e que ainda não há previsão para o início das obras. Além dessas iniciativas, a empresa enfatiza a importância de repensar os hábitos de consumo de água e combater ligações clandestinas.