Em 2023, a jovem Sofia, então com 16 anos, foi diagnosticada com neurotuberculose, uma forma rara de meningite causada pela bactéria da tuberculose. Devido à demora no diagnóstico, ela sofreu atrofia do nervo óptico, resultando na deficiência visual.
Atualmente com 17 anos, o maior desejo de Sofia é recuperar a visão. No Brasil não há tratamento disponível para sua condição, mas na Tailândia existe uma chance de restauração da visão por meio de um tratamento com células-tronco oferecido pelo hospital Beike Biotecnology.
O custo total do tratamento, incluindo passagem e hospedagem, é de R$ 200 mil. Para arrecadar essa quantia, a família de Sofia criou uma vakinha, disponível clicando aqui e também no perfil de Instagram de Sofia, @todospelafsofia.
O Jornal Sempre Nova Lima entrou em contato com a família de Sofia para ouvir a história da jovem. Confira abaixo:
A história de Sofia
Em maio de 2023, Sofia começou a sentir dores de cabeça e apresentar episódios de vômito. Inicialmente, devido ao surto de dengue que ocorria na época, a família suspeitou que ela estivesse com a doença. Sofia foi levada ao Hospital Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Lima, onde exames de sangue foram realizados, mas nada conclusivo foi detectado. Mesmo assim, a possibilidade de dengue ainda era considerada.
Como os sintomas persistiam e Sofia continuava fraca, incapaz de andar e com fortes dores de cabeça, a família decidiu levá-la novamente ao Hospital Nossa Senhora de Lourdes, poucos dias depois. Novos exames foram realizados, mas os resultados continuaram inconclusivos. Preocupada com as dores intensas, a família solicitou uma tomografia da cabeça. No entanto, como não havia um médico disponível para interpretar os resultados no hospital, Sofia foi encaminhada ao Hospital Vila da Serra, ainda em Nova Lima.
No hospital, Sofia foi submetida a testes neurológicos, aos quais respondeu bem. Como não foram identificadas alterações, a tomografia não foi considerada necessária. Ela recebeu corticoide intravenoso e foi liberada com o diagnóstico de crise de enxaqueca.
A jovem se sentiu melhor por um período, mas os sintomas retornaram. Ela foi encaminhada novamente ao Hospital Vila da Serra, onde foi submetida a uma tomografia. No entanto, durante o procedimento, Sofia sofreu uma convulsão. Embora a tomografia não tenha revelado problemas, devido à convulsão, ela foi internada para observação e cuidados adicionais.
Sofia passou por uma punção lombar, e as amostras foram enviadas para análise. Logo depois, veio o diagnóstico de meningite viral. A família relata que, segundo o médico responsável na época, todas as características indicavam meningite viral, exceto pelo consumo rápido de glicose, que não é típico dessa forma da doença. Por conta dessa questão, Sofia permaneceu em observação.
Nos dias seguintes a condição da jovem só piorou. Ela permaneceu internada por 12 dias sem um diagnóstico definitivo. Após esse período, Sofia começou a entrar em coma e foi entubada no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Uma nova tomografia revelou a presença de água na cabeça, resultando em hidrocefalia.
Sofia passou por uma cirurgia e ficou intubada por quatro dias. À medida que a sedação foi sendo reduzida, ela começou a despertar, mas já não conseguia mais enxergar.
A adolescente permaneceu 17 dias no CTI, recebendo tratamento no escuro, pois a bactéria da tuberculose é uma microbactéria que pode levar até oito semanas para ser detectada nos exames (no caso de Sofia, foram cinco semanas). Após consultar especialistas sobre a situação, o médico de Sofia iniciou o tratamento para neurotuberculose com quatro medicamentos.
Após três semanas de tratamento o fígado de Sofia não suportou a medicação e ela desenvolveu hepatite medicamentosa, o que a levou a retornar ao CTI. Toda a medicação foi suspensa, mas, com a bactéria ainda ativa, os vasos sanguíneos na cabeça de Sofia inflamaram, causando vasculite cerebral e isquemia. Como resultado, Sofia entrou em um estado quase vegetativo.
Sofia foi transferida para o CTI do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde foi iniciada uma medicação alternativa para permitir a recuperação de seu fígado. A reintrodução gradual dos medicamentos para tuberculose foi planejada para identificar qual deles havia causado os problemas hepáticos. O tratamento de Sofia se estendeu por um ano.
Hoje, Sofia está muito melhor. Ela consegue andar, falar e frequentar a escola normalmente. No entanto, devido à demora no diagnóstico, ainda não recuperou a visão.
“Graças à Deus o pior já passou. Agora é correr atrás de melhorias para ela.”
Monique Soares, mãe de Sofia