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Meninas de 12 a 17 anos são as que mais desaparecem em Minas Gerais, com 6.738 registros nos últimos cinco anos, uma média de três desaparecimentos diários. O número abre exceção à regra não só ao ocupar o ranking à frente dos meninos da mesma idade, mas do total de desaparecimentos no Estado. As principais causas são violência doméstica e conflitos familiares.

Nesta quarta-feira, dia 5, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) lançou uma nova plataforma de transparência sobre pessoas desaparecidas, revelando que as adolescentes são o grupo mais afetado. Segundo os dados, o número de meninas desaparecidas de 12 a 17 anos supera todos os outros grupos etários, com exceção do intervalo entre 31 e 40 anos.

Homens desse último grupo ocupam o segundo lugar entre os que mais geraram boletins de desaparecimento em Minas Gerais, com 5.922 alertas de procura desde 2019 até atualmente (5 de junho). Veja a estatística completa abaixo.

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O destaque negativo das adolescentes surpreendeu a equipe da Superintendência de Informações e Inteligência Policial (SIIP/PCMG). “Chama atenção. Em todas as faixas etárias, o sexo masculino predomina. Só dos 12 aos 17 anos é que as meninas adolescentes desaparecem mais que os meninos”, destaca o delegado Diego Fabiano Alves, diretor do setor de Estatística e Análise Criminal da Polícia Civil.

O diretor, com base na experiência investigativa dos casos, aponta dois principais motivos que levam as meninas a quererem “sumir” da vida dos familiares: abuso infantil e conflitos na residência.

“Um dos primeiros fatores está atrelado à vulnerabilidade dessas adolescentes, às situações de violência doméstica ou abusos que elas estejam sujeitas. É uma faixa etária muito suscetível a abusos físicos, emocionais, sexuais, que as motivam a deixar esse convívio familiar”, alerta. 

Em outras situações, as meninas tomam decisões ou têm opiniões que conflitam com as dos pais. Além disso, a influência de namorados ou amizades também pode contribuir para que elas desapareçam da família. “É comum que o sumiço seja fruto de conflitos familiares. Seja buscando sair de um ambiente tóxico e opressor que vivem em casa, seja por incentivo de outros. É importante que os pais fiquem atentos a relacionamentos amorosos problemáticos, em que o companheiro incentiva a adolescente a sair de casa com promessas vazias”.

Só metade foram encontradas

Nos últimos cinco anos, aproximadamente metade das adolescentes desaparecidas em Minas Gerais foram encontradas. A plataforma da Polícia Civil revela que 55,6% delas, ou 3.751 das 6.738 meninas, foram localizadas. Algumas podem ter retornado sem que as famílias informassem à instituição, mantendo as buscas ativas.

“A maior parte dos desaparecimento é voluntário. Um número muito pequeno ocorre por crimes violentos. Então, é um pedido que fazemos. Se a pessoa voltou para casa, isso precisa ser informado à polícia”, pede o delegado.

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Transparência nos dados

A nova plataforma da PCMG disponibiliza informações públicas sobre pessoas desaparecidas em Minas Gerais desde 2019, com atualizações diárias. Os dados incluem número de registros, idade, gênero, motivação e local dos desaparecimentos. O delegado e diretor de Estatística e Análise Criminal, Diego Fabiano Alves, acredita que essa ferramenta permitirá a criação de políticas públicas mais eficazes para melhorar o atendimento a desaparecidos e suas famílias, além de prevenir novos casos.

“Esses dados são importantes para a assistência social, a educação, o conselho tutelar, para a própria segurança pública…”, enumera. 

No caso das adolescentes, o delegado destaca as possibilidades de cooperação com áreas como educação, conselho tutelar e assistência social. “Esses órgãos vão ter em mãos o perfil dessas meninas. A partir disso, vão poder pensar: quais os cuidados para evitar a violência e as situações de risco? Como melhorar a comunicação com as jovens? Como atuar com as famílias?”.

Como notificar um desaparecimento?

Para relatar um desaparecimento, você pode procurar a unidade policial mais próxima, como delegacias da Polícia Civil ou batalhões da Polícia Militar. É recomendável levar um documento de identificação e uma fotografia da pessoa desaparecida, se possível. Além disso, você também pode registrar online através da Delegacia Virtual.

Quando uma pessoa é considerada desaparecida?

De acordo com Art. 2º da resolução 7010, de 1 de novembro de 2007, considera-se pessoa desaparecida “aquela cujo paradeiro se desconhece e que não esteja na condição de sujeito passivo de infração penal”.

Dados da PCMG

  • Total de desaparecidos em Minas Gerais: 39.416
    de 2019 até 5 de junho de 2024

Ranking 

  1. Meninas de 12 a 17 anos: 6.738
  2. Homens de 31 a 40 anos: 5.922
  3. Homens de 41 a 50 anos: 4.028
  4. Meninos de 12 a 17 anos: 3.398
  5. Homens de 25 a 30 anos: 3.368
  6. Homens de 18 a 24 anos: 3.272
  7. Homens de 51 a 60 anos: 2.460
  8. Homens acima de 60 anos: 2.188
  9. Mulheres de 31 a 40 anos: 1.760
  10. Mulheres de 18 a 24 anos:1.582
  11. Mulheres de 41 a 50 anos: 1.243
  12. Mulheres de 25 a 30 anos: 1.106
  13. Mulheres de 51 a 60 anos: 680
  14. Meninos de 0 a 11 anos: 584
  15. Mulheres acima de 60 anos: 579
  16. Meninas de 0 a 11 anos: 463
    Diferença: gênero e/ou idade não informados.

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