Foto: REUTERS/Renan Mattos

MATÉRIA DO G1

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15 desta segunda-feira (6), o patamar estava em 5,26 m. O limite para inundação é de 3 metros. A elevação é consequência dos temporais que atingem o RS desde 29 de abril.

O maior nível já atingido pelo Rio Guaíba foi de 5,33 na manhã de domingo (5). Antes das cotas atingidas em 2024, o recorde era de 1941 (4,76).

Segundo levantamento divulgado pela Defesa Civil, foram confirmadas as mortes de 83 pessoas e outras quatro ainda estão em investigação. São 111 pessoas desaparecidas e 276 feridas.

Além disso, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (nas casas de familiares ou amigos). Ao todo, 345 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.

De acordo especialistas, o nível do Guaíba deve se manter acima do limite para inundação (3 metros) e permanecer em cerca de 4 metros pelos próximos dez dias. A projeção do professor da UFRGS Fernando Mainardi Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), é que as águas se mantenham acima dos 5 metros durante pelo menos quatro dias.

Após bater recorde histórico na sexta-feira à noite (3), o nível do Guaíba continuou subindo na madrugada de domingo (5), de acordo com a medição da Prefeitura de Porto Alegre. Às 7h, registrava 5,30 metros.

A rodoviária da capital ficou inundada e todas as viagens de chegada e saída da cidade foram canceladas. Já o Aeroporto Salgado Filho foi fechado “devido ao elevado volume de chuvas”.

Manifestação do Papa Francisco

O Papa Francisco manifestou solidariedade ao Rio Grande do Sul durante a missa dominical no Vaticano neste domingo (5). Ele mencionou as vítimas e familiares das chuvas que ocorrem no estado.

“Faço minhas preces à população do estado do Rio Grande do Sul no Brasil, afetada por uma grande inundação. Que o Senhor receba os que se foram e conforte os familiares e aqueles que tiveram que deixar suas casas”, disse.

Visita de Brasília

A tragédia trouxe ao Rio Grande do Sul 18 autoridades de Brasília neste domingo (5). Sobrevoaram de helicóptero a Capital e a Região Metropolitana da cidade o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Edson Fachin, além do governador do RS, Eduardo Leite (PSDB).

À tarde, durante uma manifestação à imprensa, o presidente afirmou que não haverá ‘impedimento da burocracia’ para recuperar o estado.

“A gente deve muito ao Rio Grande do Sul sob todos os aspectos. Queria dizer ao povo gaúcho: o que estamos fazendo é dando ao Rio Grande do Sul aquilo que ele merece. Se ele sempre ajudou o Brasil, eu acho que está na hora de o Brasil ajudar o Rio Grande do Sul”, afirmou Lula.

Para a ocasião, o presidente também trouxe ao estado 14 ministros, com quem se reuniu e cobrou ações para socorrer o Rio Grande do Sul. Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, solicitou um plano de prevenção para evitar desastres climáticos.

Causas dos temporais

Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas.

A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.

Previsão do tempo

Na segunda-feira (6), a previsão do tempo indica uma trégua no estado, com sol entre nuvens. A maior parte do RS deve ter uma “janela de bom tempo” até terça-feira (7), com exceção do extremo Sul, onde está prevista a chegada de uma frente fria. As chuvas devem retornar ao RS na próxima quarta-feira (8).

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