O Ministério Público de Minas Gerais ofereceu denúncia contra a clínica Animed, que vinha sendo investigada pela Polícia Civil por supostas irregularidades. A clínica já havia sido alvo de operação da polícia e do MP em novembro de 2019.
Os dois sócios da clínica, dois gerentes, o advogado do estabelecimento e sete médicos veterinários são acusados de se associarem com o objetivo de obter vantagens como aumento de lucro, bonificações salarias e manutenção de empregos. Eles também foram denunciados pela prática de estelionato, descarte irregular de lixo infectante, maus-tratos a animais e venda de medicamentos proibidos, vencidos e com embalagens adulteradas. Uma outra pessoa foi denunciada por falso testemunho.
Segundo a denúncia, oferecida pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Nova Lima e pela Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna (Cedef), a Animed foi constituída e era utilizada para o cometimento de crimes, visando à obtenção de lucro, o que causava sofrimento aos animais atendidos e aos seus tutores, que, em momento de vulnerabilidade, faziam e pagavam o que fosse preciso para salvar os animais.
Ainda de acordo com a denúncia, a empreitada criminosa foi levada a efeito com a participação, omissiva ou comissiva, dos médicos veterinários e dos gerentes que trabalhavam no local, além do advogado, que garantia que as determinações do sócio-administrador fossem seguidas e impedia o vazamento de informação ou denúncia às autoridades por parte de funcionários e clientes, por meio de intimidações relacionadas à adoção de medidas processuais ou administrativas contra quem se dispusesse a criticar a clínica.
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Segundo apurado e confirmado por testemunhas, a clínica adotava práticas como: retirar sangue de animais levados para banho e tosa, sem autorização dos tutores, com objetivo de venda; postergação de comunicação ao tutor sobre a morte do animal nas dependências da clínica para estender o período de internação; simulação de procedimentos em animais já mortos; prescrição de medicamentos desnecessários; utilização de remédios proibidos, vencidos e com embalagem adulterada; descarte irregular de lixo infectante para economizar com a coleta própria; realização de procedimento cirúrgico sem a autorização do tutor; ocultação de erros cometidos em cirurgias; congelamento de animal morto e posterior descongelamento para simular que o animal acabara de morrer; diagnósticos falsos para justificar internações e tratamentos desnecessários.
Na denúncia, o MPMG requer que os réus sejam condenados a pagar indenização pelos danos causados; a perda dos produtos dos crimes ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido com a prática do fato criminoso; a suspensão dos direitos políticos dos acusados; a liquidação forçada da pessoa jurídica constituída ou utilizada com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crimes ambientais; a perda do patrimônio da clínica.
Requer ainda medida cautelar de suspensão do exercício profissional médico veterinário dos sócios da clínica, principais articuladores do esquema criminoso; o bloqueio de contas, bens e valores, de todos os denunciados, a fim de assegurar eventual reparação; interdição do Hospital Veterinário Animed, ficando seus sócios impedidos de figurarem como sócios em empresas que tenham por finalidade prestar tratamento veterinário, com a finalidade de se evitar o risco de novas infrações e a exposição dos animais e seus tutores às diversas práticas criminosas arquitetadas pelos denunciados.
Com assessoria do Ministério Público