
SEMPRE NOVA LIMA – O município de Nova Lima passou por transformações profundas nas últimas décadas, alterando sua paisagem e seu perfil socioeconômico. Confira um pouco, por meio de informações apuradas pelo Geopizza, como isso aconteceu.
Antes de Belo Horizonte se tornar capital, em 1834, Nova Lima já se desenvolvia em torno da mineração de ouro e da vida operária da Mina Morro Velho, então administrada por britânicos. Após a inauguração da capital, em 1897, a mineração continuou, mas a proximidade com Belo Horizonte passou a atrair moradores em busca de moradias mais acessíveis.
Em 1970, a cidade aprovou 8.220 lotes, muitos deles destinados a sítios e casas de veraneio. Grande parte das terras estava sob controle de mineradoras, como Vale e AngloGold Ashanti, que também passaram a investir no mercado imobiliário.
A partir da década de 1990, a verticalização se intensificou com empreendimentos de alto padrão, como o Alphaville, que promoviam segurança e contato com a natureza. Entre os fatores que impulsionaram o crescimento estão o IPTU até seis vezes mais barato que em Belo Horizonte e a oferta de condomínios exclusivos, viabilizados por um Plano Diretor flexível. Durante os anos 2000, centenas de edifícios foram construídos.
Entre 2010 e 2025, Nova Lima se consolidou como destino de alta renda, registrando crescimento populacional de 38%, o maior entre os 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A verticalização trouxe impactos urbanos e ambientais. Os prédios, erguidos em terrenos com altitudes entre 800 e 1.200 metros, bloqueiam ventos que atravessariam a Serra do Curral em direção a Belo Horizonte, intensificando o efeito de ilhas de calor e podendo elevar a temperatura da capital em até 1,5 °C. Além disso, a pressão sobre os mananciais ameaça o abastecimento de água local.
O crescimento populacional também aumentou o tráfego na MG-030, conhecida como estrada das Seis Pistas. Congestionamentos são comuns, especialmente entre Belvedere e Vila da Serra, e a BR-040 também sofre sobrecarga.
Ainda segundo a apuração do Geopizza, especialistas apontam que a verticalização gerou “enclaves fortificados”, ilhas urbanas isoladas do espaço público e com segregação social. Ao mesmo tempo, cerca de 50% dos lotes criados desde os anos 1970 permanecem desocupados, indicando que o mercado imobiliário “entrega mais do que absorve”.

                        
              

