MATÉRIA DO G1
Líderes de diversos países do mundo assinaram nesta segunda-feira (13), no Egito, um acordo para oficializar o cessar-fogo da guerra na Faixa de Gaza, sugerido pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Mas os dois lados do conflito – Israel e o grupo terrorista Hamas – não estiveram presentes.
Chamado de “cúpula da paz em Gaza”, o encontro ocorreu na cidade egípcia de Sharm El-Sheik. O documento foi assinado pelo próprio Trump e pelos presidentes Abdul al-Sisi (Egito) e Recep Tayyip Erdogan (Turquia), além do emir Tamim bin Hamad Al Thani (Catar) – essas três nações atuaram como mediadoras das tratativas (veja detalhes ao final desta reportagem).
A assinatura ocorreu horas após o Hamas ter libertado os 20 últimos reféns israelenses que ainda estavam sob seu poder em Gaza.
“Juntos, conseguimos fazer o que todos disseram que era impossível. As pessoas não acreditariam que conseguiríamos a paz no Oriente Médio […]. Agora, a reconstrução [de Gaza] começa”, afirmou Trump nesta segunda.
- Com participação de mais de 20 líderes mundiais (veja nomes abaixo), a cúpula tem como objetivo conduzir uma segunda etapa de negociações do plano de paz, apresentado no fim de setembro por Trump e iniciado efetivamente na semana passada, após aprovação de negociadores de Israel e do Hamas.
- A proposta prevê o fim da guerra; o estabelecimento de condições para paz duradoura no Oriente Médio; e a implantação de um conselho que irá supervisionar Gaza no primeiro momento do pós-guerra.
- Até a última atualização desta reportagem, não havia ficado claro como esse conselho supervisor irá funcionar. Outros detalhes do plano de Trump continuavam vagos, com pendências referentes a assuntos delicados e de fortes desavenças entre Israel e Hamas, caso do desarmamento do grupo terrorista.
Entre os presentes na cúpula, estavam:
- o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump;
- o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani;
- o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan;
- o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas;
- o presidente do Egito, Abdul Fatah Al Sisi;
- a premiê da Itália, Giorgia Meloni;
- o premiê do Reino Unido, Keir Starmer;
- e o presidente da França, Emmanuel Macron.
Embora tenha confirmado inicialmente que iria ao encontro desta segunda, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, não viajou ao Egito. Ao anunciar a ausência, o gabinete oficial deu como justificativa a proximidade de um feriado judaico.
Em discurso no Parlamento israelense antes da cúpula, Trump disse que “a era do terror” no Oriente Médio acabou. O presidente americano foi ovacionado pelos presentes. Netanyahu, em pronunciamento anterior, havia afirmado estar comprometido com a paz.
Veja, abaixo, um resumo até aqui:
- Havia 48 reféns sob poder do Hamas na Faixa de Gaza. Desses, 20 foram libertados com vida. Israel diz que os outros 28 reféns estão mortos, mas dois deles ainda têm a situação oficialmente desconhecida.
- No total, o Hamas sequestrou 251 pessoas no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Outros reféns foram libertados ao longo de outros acordos de cessar-fogo.
- Como contrapartida, o governo israelense começou a libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo 250 que haviam sido condenados à prisão perpétua por crimes cometidos contra Israel e sua população.
- Os prisioneiros libertados por Israel embarcaram em ônibus da Cruz Vermelha para serem enviados para Gaza, Cisjordânia e outros países.
Reféns libertados
Os 20 reféns israelenses vivos que ainda estavam sob poder do grupo terrorista Hamas foram libertados após mais de dois anos de cativeiro, na madrugada desta segunda-feira (13). A operação faz parte de um acordo de cessar-fogo assinado entre Israel e o Hamas.
O presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, discursou no Parlamento israelense nesta segunda. Ele afirmou que é “um dia histórico, o fim de uma era de mortes e terror”. O acordo de cessar-fogo foi proposto pelo republicano.
“Este é um dia histórico para o Oriente Médio e um triunfo incrível para Israel e para o mundo. Os Estados Unidos se unem a vocês nesses dois votos eternos — nunca esquecer e nunca mais repetir. (…) Contra todas as probabilidades, fizemos o impossível e trouxemos nossos reféns de volta para casa”, afirmou Trump.
Netanyahu também discursou e disse o Oriente Médio entra em “tempos de paz”.
Na quarta-feira (8), Israel e o Hamas anunciaram um plano de paz para interromper a guerra na Faixa de Gaza. Pelo acerto, o grupo se comprometeu a libertar todos os reféns vivos e a devolver os restos mortais das vítimas que morreram.
O Hamas tinha até as 6h desta segunda-feira (no horário de Brasília) para concluir a libertação. O grupo pediu mais tempo para localizar todos os corpos dos reféns mortos.
Ainda não há prazo para que todos os corpos sejam devolvidos. A Turquia anunciou uma força-tarefa para ajudar o Hamas a encontrar os restos mortais das vítimas na Faixa de Gaza.
Detalhes do acordo
Veja, abaixo, detalhes do acordo.
🟢 Reféns – O Hamas mantinha 48 dos 251 sequestrados no ataque terrorista de outubro de 2023. As demais vítimas foram libertadas durante a vigência de outros dois acordos de cessar-fogo ou por meio de operações militares israelenses.
💥 Ataques em Gaza – O plano prevê o fim dos bombardeios na Faixa de Gaza e o recuo das tropas israelenses.
- O plano divulgado pela Casa Branca no fim de setembro prevê uma retirada gradual das tropas do território palestino.
- Logo após o anúncio do cessar-fogo, as Forças israelenses recuaram para uma linha acordada com o Hamas.
- Com isso, Israel diminuiu a área de ocupação em Gaza de 75% para 53%.
- O chefe do Estado-Maior de Israel instruiu as tropas a se prepararem para todos os cenários e para a operação de retorno dos reféns.
🔎 O que falta esclarecer – Apesar do início do cessar-fogo, vários detalhes do plano de paz não haviam sido divulgados até a última atualização desta reportagem:
- Segundo o presidente Trump, outras fases do acordo estão em negociação. Ainda não se sabe como serão as próximas etapas.
- Também não está claro como será a transição de governo na Faixa de Gaza, proposta pela Casa Branca.
- Além disso, não há confirmação de que o Hamas tenha se comprometido a entregar suas armas. O grupo terrorista tem indicado que não concorda com a ideia.
- O Hamas disse também que não vai acertar uma tutela estrangeira na governança de Gaza, algo previsto no plano dos Estados Unidos.
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Infográfico mostra recuo das tropas de Israel em Gaza. — Foto: Arte/g1