MATÉRIA DO G1
A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra Renê da Silva Nogueira Júnior, assassino confesso do gari Laudemir Fernandes em Belo Horizonte. A vítima tinha 44 anos e foi morta a tiros após o empresário se irritar com a presença do caminhão de lixo na rua e exigir espaço para passar com seu carro.
O empresário, agora réu, deve responder pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, por ter sido cometido por motivo fútil, em via pública e com uso de arma ilegal, além de ter sido praticado após uma ameaça. Ainda não há data prevista para o julgamento.
A juíza também acolheu o pedido do MP e determinou o desmembramento do processo em relação à delegada Ana Paula Lamego, casada com Renê Júnior e dona da arma usada no crime.
A delegada havia sido indiciada pela prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, na modalidade ceder/emprestar, e por prevaricação, quando um servidor público deixa de praticar ou se omite em ato de ofício por interesses privados.
O processo da delegada agora será enviado para uma das varas criminais de Belo Horizonte. Como os crimes dos quais ela é acusada têm penas mínimas de até quatro anos, sem violência ou ameaça, ela pode, em tese, ser elegível para um Acordo de Não Persecução Penal.
‘Não houve briga’
O assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, chocou colegas de trabalho e moradores da região. Segundo o relato dos colegas que estavam com ele, não houve discussão que justificasse a violência.
O carro de Renê surgiu em sentido contrário da via e não havia espaço para passagem. Nervoso, o motorista teria parado o veículo ao lado do caminhão já com a arma em punho.
“Não teve discussão para ele ter uma atitude de querer se defender e atirar”, relatou a motorista do caminhão de coleta Eledias Aparecida Rodrigues.
“Apontou pra mim falando que se eu esbarrasse, ele iria me dar um tiro na cara”. Pouco depois, Renê teria feito uma manobra na arma, derrubado o carregador, recolocado e, em seguida, atirado contra Laudemir.
Após ser baleado, Laudemir chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu. O caso gerou grande comoção, especialmente no enterro do gari. Familiares e amigos lembraram que ele era companheiro dedicado em casa e gostava de trabalhar. O crime também reforçou a indignação da categoria, que diariamente enfrenta riscos nas ruas.
O empresário Renê Júnior foi preso após ser reconhecido por testemunhas e pela análise de câmeras de segurança, que registraram o momento em que Laudemir foi baleado.