SEMPRE NOVA LIMA – O prefeito de Raposos, Guilherme Bittencourt (Cidadania), está em seu primeiro mandato e tem buscado construir espaço político na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Aos 30 anos, Bittencourt conquistou a prefeitura em 2024 com 45,37% dos votos válidos, apostando em uma imagem de renovação administrativa e proximidade com a população.
Nos bastidores, circula a possibilidade de que ele possa apoiar o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha em uma eventual candidatura em 2026. O movimento, no entanto, gera dúvidas e controvérsias, especialmente pelo histórico do ex-parlamentar.
O histórico de Eduardo Cunha
Eduardo Cosentino da Cunha foi um dos políticos mais influentes do país durante a década passada. Deputado federal entre 2003 e 2016, ganhou projeção nacional ao assumir a presidência da Câmara em 2015, cargo que ocupou até ser cassado no ano seguinte.
Sua trajetória foi marcada por denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e contas secretas no exterior, que culminaram em sua cassação por quebra de decoro parlamentar em setembro de 2016. A decisão o tornou inelegível por oito anos, prazo que se encerra justamente em 2026.
Em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou uma de suas condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, ao entender que parte do processo deveria tramitar na Justiça Eleitoral. Mesmo assim, Cunha segue com pendências judiciais e não conseguiu recuperar protagonismo político: em 2022, tentou se eleger deputado federal por São Paulo, mas recebeu apenas 5.044 votos.
O peso de uma aliança
Caso se confirme, um apoio de Guilherme Bittencourt a Eduardo Cunha seria visto como uma jogada de alto risco. De um lado, poderia projetar o jovem prefeito em articulações de maior alcance, conectando-o a redes políticas nacionais. De outro, pode gerar desgaste pela forte rejeição que Cunha acumula desde sua cassação.
O Cidadania, partido de Bittencourt, também não tem vínculos históricos com Cunha, que já transitou por siglas como MDB e PTB. Assim, o apoio dependeria menos de alinhamento partidário e mais de uma decisão estratégica individual.
Com o fim da inelegibilidade se aproximando, Eduardo Cunha tenta articular seu retorno à cena política. Resta saber se figuras emergentes, como Guilherme Bittencourt, estarão dispostas a associar suas trajetórias ao ex-presidente da Câmara, em meio ao equilíbrio delicado entre oportunidade e risco.
