

Diante da injusta e horrenda agressão de um homem de 29 anos contra sua namorada, em Natal, no Rio Grande do Norte — quando ele desferiu ao menos 60 socos no rosto da vítima —, é urgente refletirmos sob uma outra ótica sobre essa epidemia de violência contra as mulheres: que tipo de educação estamos oferecendo aos nossos homens?

Educação é o processo de transmissão e construção de conhecimentos, valores e habilidades. Mas, veja bem: trata-se também da formação de valores. E, nesse sentido, entendemos educação como o conjunto de atitudes, normas de convivência e princípios morais que uma pessoa aprende — principalmente em casa e no convívio social — e que orientam como ela trata os outros.
Diante do tormento “made in Brasil” de matar, espancar, perseguir, estuprar, importunar ou quase matar mulheres — mesmo com leis mais duras e a repulsa de parte da sociedade, da imprensa e de instituições públicas — só nos resta uma hipótese: os valores que têm formado nossos homens não são valores de respeito, sobretudo em relação às mulheres.
Estamos diante de homens intolerantes, incapazes de lidar com um simples “não”, frágeis diante de frustrações e alheios à ideia de que obstáculos fazem parte da vida de qualquer um. A epidemia de feminicídios e agressões escancara que estamos falhando em formar homens de verdade. E essa falha não está apenas nas famílias, mas também nas escolas, nas igrejas, nas ruas, nos grupos de amigos.

Formar um homem não é dar-lhe poder irrestrito sobre os outros. É educá-lo para reconhecer seus limites, lidar com suas emoções e entender que toda mulher é um fim em si mesma — e jamais uma posse, um objeto ou um alvo.
Renato Marcelino é economista, jornalista, pós-graduado em Finanças e Controladoria e proprietário do Sempre Nova Lima.
