Barragem B1-A, da Emicon Mineração e Terraplenagem, em Brumadinho. — Foto: Globocop

MATÉRIA DO G1

Seis famílias da comunidade de Quéias, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, começaram a ser retiradas de suas casas na manhã desta terça-feira (29). Ao menos duas famílias já foram realocadas.

A medida foi tomada como prevenção após o anúncio na última quarta-feira (23) do aumento do nível de emergência 1 para o 2 da barragem B1-A. Apesar disso, não há risco iminente de rompimento, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM).

Quando existe essa ameaça de rompimento, a escala chega ao nível 3, o máximo. O nível 2 indica a necessidade de evacuação do local como medida de segurança.

As famílias se mudaram para imóveis escolhidos por elas, com aluguel custeado pela prefeitura. Ainda não há previsão de retorno às casas. A volta depende da reclassificação da barragem para o nível 1 de emergência.

A família Hastenreiter é uma das que precisaram ser removidas da área. Há sete anos, está no sítio e ainda não tinha passado por uma situação como esta.

“É desagradável. Eu moro aqui tem sete anos. Quando eu vim para aqui não tinha placa de nada. Aí depois colocaram essas placas aí, e já desvalorizou o terreno da gente, né? E agora ainda veio a notícia que nós temos que sair… é chato”, desabafou Roberto do Nascimento Hastenreiter.

“Estamos mais tranquilos. Agora já temos o local escolhido, estamos aguardando o encaminhamento da Defesa Civil. Estamos nos mobilizando, tirando as coisas para embalar. A mudança não deixa de gerar um certo transtorno. É um descaso, chega a ser desumano, né?”, disse a secretária escolar Renata Hastenreiter.

Alerta da ANM e riscos

A ANM alertou para a elevação do nível de emergência no último dia 23 e, desde então, foram realizados os trâmites necessários para retirada das famílias.

A comunidade de Quéias fica próxima ao distrito de Conceição de Itaguá, a cerca de 20 km do centro de Brumadinho. Segundo o mapa de área de inundação da barragem B1-A, em caso de rompimento, além das casas, há risco de que a BR-381 também seja atingida.

g1 entrou em contato com a empresa, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Entenda riscos e dimensão

A barragem B1-A tem um volume total de cerca de 914,5 mil metros cúbicos. São 37 metros de altura, equivalente a um prédio de 12 andares.

  • A evacuação de zonas de maior risco em caso de rompimento é uma exigência da elevação ao nível 2 de emergência.
  • Quando há risco real de rompimento, o alerta chega ao nível 3.
  • barragem B1-A, da Emicon Mineração, não tem relação com a barragem B1, da Vale, também em Brumadinho, que rompeu em 2019 e deixou 270 pessoas mortas.
  • Para fins comparativos, na estrutura da Vale que rompeu em 2019 vazaram 12 milhões de metros cúbicos — um volume cerca de 13 vezes maior.
  • Na tragédia de Mariana, em 2015, foram 43,7 milhões de m³.

Motivos para o aumento do risco

Agência Nacional de Mineração (ANM) informou que a falta de sistemas automatizados de alerta, monitoramento e videomonitoramento motivou a elevação de nível de emergência 1 para 2 da estrutura da barragem B1-A, em Brumadinho. A informação foi passada pelo órgão à prefeitura da cidade mineira.

A mudança no nível de emergência ocorreu para garantir a retirada das famílias de comunidades no entorno de forma segura e organizada. Ainda segundo a própria ANM, a Emicon não apresentou documentos que atestam a segurança da estrutura, em conformidade com a lei.

A agência informou, em ofício encaminhado à Prefeitura de Brumadinho, que os estudos feitos até agora, por uma terceirizada contratada pela Emicon, não conseguiram garantir que a estrutura da barragem está totalmente segura.

A agência de mineração também informou no documento enviado à prefeitura que há limitações nas análises técnicas e que alguns dados ainda não foram incluídos nos relatórios. Por isso, a ANM determinou que uma nova empresa independente seja contratada para fazer uma avaliação com as informações disponíveis.

A ANM apontou à prefeitura de Brumadinho que a falta de uma Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) positiva do Plano de Ação de Emergência (PAEBM) também foi relevante para a decisão.

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