Na tarde deste sábado, dia 12 de bril, defensores dos direitos dos animais se reuniram em frente a um hospital veterinário no Bairro Santa Lúcia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, para protestar contra o que consideram um exemplo claro de impunidade e negligência com a vida animal em Minas Gerais. Munidos de cartazes e cartas de repúdio, os manifestantes exigiram explicações e providências.
O protesto foi motivado pela recente prescrição de uma série de crimes atribuídos a um casal de veterinários, antigos donos da clínica Animed, localizada em Nova Lima. As denúncias, que vieram à tona em 2019 por meio de um dossiê repleto de evidências, incluem acusações como o congelamento de animais mortos para seguir cobrando por diárias, extração de sangue de pets levados para banho e tosa com fins comerciais, e a realização de cirurgias forjadas, que teriam deixado animais mortos ou aleijados.

Um dos episódios que mais causou comoção foi o da cadela Malu, da raça beagle, que faleceu após passar por um procedimento considerado suspeito. Um laudo da UFMG apontou falhas grosseiras na cirurgia e indicativos de maus-tratos. Ainda naquele ano, a clínica foi alvo de uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil.
Durante a manifestação, a organização Proteção Animal de Minas Gerais divulgou uma carta aberta com críticas à atuação do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG) e ao sistema judiciário do estado. Segundo a entidade, a lentidão do processo judicial favoreceu a prescrição dos crimes, permitindo que os acusados escapassem sem serem julgados.
A carta também ressalta que a impunidade em um caso tão emblemático abre precedentes perigosos. “São crimes graves, com provas, com laudos, com testemunhas. E agora a gente vê 11 deles simplesmente prescrevendo. Mostra que, mesmo diante de provas, não há garantia de responsabilização. Eles continuam exercendo a profissão normalmente, atendendo num bairro nobre de BH, com outro nome na fachada”, afirmou Adriana Araújo, do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA).
Para Adriana, a nova clínica (onde ocorreu o protesto) possui vínculo com os antigos proprietários da Animed, o que, para ela, torna a situação ainda mais grave. “Isso é uma desmoralização para os bons e boas profissionais da veterinária, que são maioria, a gente tem certeza disso. Isso daí estimula a impunidade, estimula que outros, como eles, façam a mesma coisa”, disse.
Já a defesa do casal afirma que os dois são vítimas de uma “série de denúncias falsas, disseminadas com intuitos escusos”, e que “sempre seguiram rigorosamente todos os preceitos éticos em prol do bem-estar animal”.
O CRMV-MG declarou que os dois veterinários envolvidos já cumpriram as penalidades impostas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), incluindo censura pública, advertência e pagamento de multa. Dessa forma, segundo o órgão, ambos permanecem legalmente habilitados para exercer a profissão.