MATÉRIA DO G1
A Comissão de Relações Exteriores do Senado marcou para a próxima quinta-feira (20) uma sessão para ouvir o chanceler Mauro Vieira sobre alguns assuntos, entre os quais as tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos importados, como o aço e alumínio, que impactam diretamente os setores no Brasil.
Segundo interlocutores do presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS), a ideia não é fazer um contraponto ao trabalho do Ministério das Relações Exteriores, mas, sim, encontrar uma saída em conjunto, unindo possíveis ações do governo federal e o Congresso Nacional.
A GloboNews e o g1 apuraram que, na semana passada, Nelsinho Trad conversou com Mauro Vieira por telefone, e os dois acertaram a ida do ministro ao colegiado nesta semana.
“A audiência [com Mauro Vieira] ocorre no momento em que o Brasil busca respostas para os desafios impostos pelo comércio global e pelo aumento do protecionismo”, informou a assessoria de Trad em nota.
As tarifas
🏭Em fevereiro, o presidente Donald Trump anunciou que o país iria cobrar tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 12 de março. O Brasil, segundo maior fornecedor dos Estados Unidos, foi impactado pela medida.
🪙Em 2024, o Brasil exportou mais de 4,1 milhões de toneladas de produtos para os EUA, ficando atrás apenas do Canadá.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou neste domingo (16) que o país poderá iniciar negociações bilaterais após a imposição de tarifas que atingiram seus principais parceiros comerciais — e outras nações, incluindo o Brasil.
Representantes dos dois governos têm dialogado e realizado reuniões para discutir o assunto, mas ainda não chegaram a nenhum acordo.
Desde que assumiu o novo mandato, Donald Trump tem anunciado tarifas sobre produtos vendidos por outros países para os Estados Unidos. A medida faz parte de uma das principais promessas de campanha de Trump: priorizar a indústria norte-americana.
Entre os alvos iniciais, estão os vizinhos Canadá e México, os dois maiores clientes americanos, e a China. O Brasil, que responde por 1,3% das importações americanas, ficou de fora dessa primeira rodada de tarifaço, mas não escapou da segunda.
Medida ‘injustificável’
Na semana passada, quando as tarifas anunciadas por Trump começaram a valer, o governo brasileiro divulgou uma nota – dos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – na qual lamentou a decisão do governo americano, disse considerar a medida “injustificável” e acrescentou que avaliará o que pode ser feito porque o impacto será “significativo”.
“O governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”, diz trecho do documento.
Embora a nota cite como possibilidade o país acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), diplomatas dizem nos bastidores que a entidade está “paralisada” em razão da falta de indicação de juízes justamente pelos Estados Unidos e que, na prática, não tem poder para tomar decisões nem para garantir que as decisões sejam aplicadas.
Em entrevista à GloboNews, o diplomata Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC, disse ser preciso buscar uma saída política para evitar que a “escalada” de medidas anunciadas pelos EUA e pelos países em resposta não saia do controle.