A construção de uma avenida e de um parque na área da linha férrea do Belvedere, projetada para conectar os bairros Vila da Serra, em Nova Lima, e Belvedere, em Belo Horizonte, vem provocando debates acirrados.
A Prefeitura de Nova Lima defende o projeto como uma solução ambiental e de mobilidade urbana, enquanto ambientalistas alertam para os impactos no ecossistema local e questionam a falta de diálogo com a comunidade.
O projeto da Prefeitura de Nova Lima para a linha férrea destina 73% da área ao parque e a espaços verdes, e 27% à pista de rolamento. A proposta foi apresentada à sociedade civil em uma consulta pública realizada nesta quinta-feira, 12 de dezembro, cerca de seis meses após a assinatura do acordo que concedeu aos municípios de Nova Lima e Belo Horizonte a guarda temporária da área, pertencente à União.
O prazo para a submissão de projetos para a linha férrea se encerra em 22 de dezembro. Após avaliar as propostas, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) poderá transferir o terreno de forma definitiva para os dois municípios.
O projeto viário proposto pela Prefeitura de Nova Lima para o local contempla uma extensão de 5,2 km, conectando o Bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte, à entrada da Mina de Águas Claras, perto do Bairro Jardim da Torre, em Nova Lima.
Dividida em quatro trechos, a administração nova-limense afirma que a via tem como objetivo melhorar a conectividade entre importantes acessos de Belo Horizonte e da cidade metropolitana, incluindo a MGC-356, MG-030, Alameda Oscar Niemeyer, Rua da Paisagem, Rua do Campo, Avenida Dr. Flávio Guimarães, Avenida Dr. Marco Paulo Simon e Rua Severino Melo Jardim.
O projeto viário inclui duas faixas de rolamento em ambos os sentidos, canteiros centrais arborizados, ciclovia e passeios acessíveis ao longo de toda a sua extensão. Com a criação dessa nova avenida, os municípios de Nova Lima e Belo Horizonte esperam aliviar o intenso fluxo de trânsito nas regiões dos bairros Vila da Serra, Vale do Sereno, Jardim das Mangabeiras e Belvedere.
“O foco inicial e principal era a implantação do parque. Por óbvio, existe um problema que não é de agora, que é o assunto da mobilidade. Quanto a isso, a avenida do parque é um pedaço, uma parte de uma solução muito maior, que vai depender de mais estudos e projetos. Óbvio que isso está em evolução. O projeto é algo que a gente não para de fazer nunca. Os estudos já foram implementados no sentido de, se não resolver totalmente, mitigar os efeitos da ausência de mobilidade naquela região”, explica o secretário de Obras da Prefeitura de Nova Lima, Marcelo Henriques Pinto.
Já o projeto para o parque prevê o acesso terrestre do bairro Vila da Serra, em Nova Lima, ao Belvedere, em Belo Horizonte, com pelo menos quatro passagens para pedestres. Devido às características do terreno, o plano inclui o rebaixamento da topografia em alguns trechos, além da construção de rampas, escadas e um elevador. Segundo a proposta, a infraestrutura do parque contemplaria várias esferas, como esportivas, culturais e contemplativas.
O projeto do parque inclui diversas estruturas, como um parque para cachorros, pistas de skate, quadra poliesportiva, quadra de areia, um anfiteatro com mirante, uma infraestrutura de apoio com lanchonete, sanitários, carrinho sobre trilhos, repuxos de água e mirante, um brinquedo sobre talude, parque infantil com brinquedos inclusivos, pista de caminhada e corrida, ciclovia, pista de bicicleta de montanha e dois pontos de ônibus. Espaços contemplativos, como espelho d’água, lagos, praças e espaço de piquenique, também estão presentes no projeto.
O projeto também inclui paisagismo viário, com a criação de um corredor verde de 5,2 km, visando proporcionar sombra e reduzir as ilhas de calor urbano. A proposta contempla o plantio e a semeadura de espécies nativas e endêmicas, priorizando frutíferas que atraem fauna, como polinizadores e dispersores de sementes.