Foto: Divulgação/UFMG

MATÉRIA DO G1

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou a transferência dos animais do Hospital Veterinário, nesta segunda-feira (12), por causa da Stock Car. O evento acontecerá no entorno do campus, entre 15 e 18 de agosto, e vem causando polêmica desde que a prefeitura autorizou a derrubada de árvores para a realização da corrida.

Segundo a instituição, a medida é necessária porque os ruídos gerados pelos veículos podem ocasionar estresse e morte de espécies na unidade.

“Setenta decibéis já é muito para o animal. Nós estamos falando de 115 [decibéis] do carro, e são 35 carros. Então, é inadmissível. […]. Nós vamos ter estresse violento, o animal pode pular, cair. Muitas vezes, não existe o que fazer”, explicou Eliane Gonçalves de Melo, vice-diretora da Escola de Veterinária.

De acordo com a universidade, sete equinos já foram removidos do local. A previsão é de que todos os bichos sejam transferidos até a próxima quarta-feira (14).

Ação na Justiça

Na última sexta-feira (9), o Ministério Público Federal (MPF) voltou a acionar a Justiça para suspender a realização da Stock Car, alegando que os estudos de mitigação acústica apresentados pelos organizadores foram insuficientes e podem afetar a UFMG.

A ação diz que houve descumprimento das normas municipais sobre poluição sonora, já que, conforme o MPF, o documento sobre barreiras acústicas não comprova que há redução dos impactos sobre os animais em tratamento e as pesquisas científicas no Hospital Veterinário da universidade.

A petição também reafirma que o ruído gerado pela corrida poderá causar sérios danos às espécies em tratamento no hospital e àquelas utilizadas em pesquisas científicas, como agitação extrema, traumas e, até mesmo, mortes.

O MPF ainda destaca que os níveis de decibéis previstos excedem os limites legais estabelecidos pela legislação municipal. No Hospital Veterinário, por exemplo, o impacto sonoro estimado é de 73,6 dB, enquanto o máximo permitido é de 55 dB.

Polêmica

A Stock Car em Belo Horizonte está prevista para acontecer entre 15 e 18 de agosto de 2024. O evento é centro de polêmicas e alvo de protestos contra o local escolhido.

Em dezembro do ano passado, a prefeitura fechou um acordo com a empresa organizadora da competição para que BH receba, por cinco anos consecutivos, uma edição anual da corrida.

Para isso, intervenções deveriam ser feitas nos arredores do Mineirão, sendo necessário derrubar mais de 60 árvores, a maioria delas saudável.

Como resposta, a prefeitura afirmou que já fez o replantio dessas árvores e que fará de mais outras centenas de mudas ao longo dos próximos anos.

Posteriormente, a UFMG se manifestou contra a realização do evento, principalmente por causa dos impactos esperados no prédio da Escola de Veterinária.

O local abriga laboratórios de pesquisa e um hospital para animais, onde são feitos cerca de três mil procedimentos por mês, entre cirurgias e acompanhamentos oncológicos.

Completa que o período da interdição dos acessos ao campus pode se estender por até 19 dias, no mês de agosto, entre a montagem da estrutura e a prova, o que impacta diretamente as atividades acadêmicas.

A expectativa, de acordo com a prefeitura, é que o evento gere um retorno financeiro de R$ 20 milhões para o município em 2024.

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