MATÉRIA DO G1
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) derrubou, nesta quinta-feira (27), a suspensão dos trabalhos pedagógicos com o livro O Menino Marrom. O material havia sido suspenso pela Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete na última semana.
Na decisão liminar, que ainda cabe recurso, o juiz Espagner Wallysen Vaz Leite determina o cancelamento imediato da suspensão temporária dos trabalhos pedagógicos, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. A reportagem procurou o município e aguarda retorno.
“A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e deste Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais é firme no sentido de proibição da censura prévia”, diz um trecho da decisão.
O material havia sido suspenso nas escolas de Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas Gerais, após após pressão de pais que consideraram o conteúdo da obra “agressivo”.
O livro, de 1986, conta a história de dois amigos, um negro e um branco, que querem entender juntos as cores. Eles buscam saber o que é branco e o que é preto e se isso os torna diferentes. Para alguns pais, trechos do texto induzem crianças “a fazer maldade”. (leia mais abaixo)
- O mineiro Ziraldo morreu no último abril, aos 91 anos. Escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista, ele foi um dos fundadores, nos anos 1960, do jornal “O Pasquim”, e autor do clássico “O Menino Maluquinho” (leia mais abaixo).
Trechos
Um dos trechos de “O Menino Marrom” citados por alguns pais em Conselheiro Lafaiete trata de um possível pacto de sangue entre os meninos, que não se conclui:
“‘Temos que fazer o pacto de sangue!’. Um deles foi até a cozinha buscar uma faca de ponta para furar os pulsos.”
Ele termina com os protagonistas optando por usar tinta no lugar de sangue:
“Ficaram os dois com as pontas do fura bolos cheias de tinta azul.”
O outro é um pensamento negativo que o protagonista tem em relação a uma velhinha que não aceitou a ajuda dele para atravessar a rua. Mas a ação também não acontece, por se tratar apenas de um pensamento.
A prefeitura disse em nota que retomou atividades pedagógicas com o livro no dia 21 de junho, após reunião realizada no dia anterior.
Ziraldo
Ziraldo em foto de arquivo. — Foto: TV GLOBO/CEDOC
O mineiro Ziraldo morreu no último abril, aos 91 anos.
Escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista, ele foi um dos fundadores, nos anos 1960, do jornal “O Pasquim”, um dos principais veículos de combate à ditadura militar no Brasil.
Em 1969, publicou seu primeiro livro infantil, “FLICTS”. Em 1979, passou a se dedicar à literatura para crianças.
“O Menino Maluquinho” foi lançado em 1980 e é considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.