Samira Monti Bacha Rodrigues, empresária de 40 anos, foi presa sob suspeita de envolvimento em um esquema que desviou mais de R$ 35 milhões e por lavar dinheiro, convertendo em viagens, joias e bolsas. Ela faz parte de um quadro societário de vários negócios na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A prisão ocorreu na quarta-feira, dia 26, em Nova Lima, após a ‘Operação Dubai’ da Polícia Civil. Foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e 17 de busca e apreensão em Nova Lima.
De acordo com a Polícia Civil, a socialite iniciou as fraudes em 2020, dois anos após se tornar uma das donas de uma administradora de cartões de benefícios, a convite de um amigo. As investigações indicam que ela era a mentora intelectual do esquema.
O delegado Alex de Freitas Machado revelou que Samira comprava joias, bolsas e relógios caros para lavar o dinheiro desviado. Além disso, ela fazia várias viagens para Dubai com o mesmo objetivo. “Nós obtivemos documentação, de que ela fez compras em Dubai de 150 e 180 mil dólares”, explicou Machado.
Desvios e investigações
Samira, de 40 anos, também está sendo investigada na Receita Federal. Ela é registrada como sócia de quatro empresas de soluções financeiras e investimentos, uma consultoria e uma joalheria.
Aproximadamente um mês após o início dos levantamentos, que incluíram coleta de informações em auditoria da empresa, a Polícia Civil identificou que os valores desviados foram convertidos ou ocultados em bens de luxo, como carros, viagens internacionais, joias e metais preciosos.
Durante suas viagens a Dubai, a suspeita de ser a mentora do esquema trouxe várias joias e se associou a uma joalheria em Nova Lima. No momento da prisão, ela estava em seu apartamento, avaliado em R$ 6 milhões, localizado em um condomínio de alto padrão.
Inicialmente, a suspeita teria devolvido ao grupo cerca de R$ 4 milhões em bens de alto valor e R$ 800 mil via Pix após ser confrontada pelas vítimas. Posteriormente, ela passou a negar o crime, ocultar o restante do valor desviado e coagir testemunhas ligadas à investigação.
As investigações indicam que Samira lucrava com os cartões de crédito da empresa, comprando com eles e, ao chegar a fatura, mandava cancelá-la e renovar o crédito.
“Nós verificamos que ela não conseguia comprovar a origem desse material, não tinha sequer uma nota fiscal para se apresentada para os policiais”, concluiu o delegado.
Esquemas e apreensão
A mulher teria cooptado funcionários do grupo empresarial para falsificar documentos, planilhas, informações e saldos bancários, resultando em um desvio de aproximadamente R$ 35 milhões.
“Ela conseguiu convencer esses funcionários, que alegaram que só fizeram isso por obediência hierárquica, a centralizar nela o poder de conhecimento e decisão de tudo que acontecia na empresa”, conta o delegado.
Durante a operação, a polícia apreendeu com Samira diversas bolsas de grife, avaliadas entre R$ 40 mil e R$ 200 mil, relógios de marcas famosas, dinheiro em espécie, uma pulseira de diamantes e um carro de R$ 600 mil. Segundo a Polícia Civil, o valor total do material apreendido é estimado em R$ 15 milhões.
Além de Samira, a polícia prendeu sua mãe, pai, marido, irmãos e a dona de uma joalheria em Nova Lima. Os investigados podem responder por estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.