A Associação dos Escrivães da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (AESPOL) denunciou condições insalubres impostas para agentes da Patrulha Metropolitana Unificada de Apoio (PUMA), que atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os policiais são forçados a permanecer em uma obra para instalação de uma delegacia em um contêiner de vidro sem água ou eletricidade, com cheiro mofo e vazamentos, colocando em risco tanto os agentes como o armamento da equipe.
No documento, a associação explica que foi prometida a transferência da PUMA do Centro de BH para o prédio da Coordenadoria de Recursos Especiais da PC, em Nova Lima, mas a mudança não ocorreu. Em vez disso, os agentes foram informados de que a patrulha seria instalada em dois contêineres que funcionavam como uma estação de ônibus conexão aeroporto, semelhante aos do Move da capital.
A presidente da Aespol, Aline Risi, afirmou que a reforma dos contêineres seria comandada pela Prefeitura de Nova Lima, mas cerca de 20 dias atrás, o local foi alvo de furtos de cabos, fios de energia e material hidráulico. “Diante disso, foi determinado que os agentes façam a vigilância 24h do local da obra. O local não tem água, não tem luz e ainda tem o cheiro de mofo. Com medo de algum furto ocorrer, os agentes acabam ficando lá dentro, mas o local é de vidro, o que expõe o armamento pesado utilizado pela equipe”, conta.
Segundo a associação, os dois contêiners, que serão adaptados com alojamento e cozinha, estão em um lote não finalizado, aberto e sem vidros blindados, o que gera preocupação também para o armamento pesado da PUMA, visto que a patrulha é equipada com fuzis 556, submetralhadoras e granadas de efeito moral.
“Outro ponto importante é que além do local não possuir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros – AVCB, temos casos de conteiners usados como alojamento que pegaram fogo, e várias pessoas morreram, como o Centro de Treinamento do Flamengo”, diz trecho da petição.
Os agentes da PUMA destacam a decisão de 2020 do Ministério da Justiça que proibiu o uso de contêineres como prisão, devido ao potencial risco para a saúde e segurança dos detidos e dos funcionários, além de possíveis violações de normas de segurança, bem-estar e conforto ambiental. “A vida dos policiais é menos importante que a dos presos?”, questionam.
“Considerando que a Polícia Civil vem sendo desprestigiada e sucateada pelos governos, inclusive pelo governo atual, tendo que, na maioria das vezes, contar com a boa vontade de prefeituras, parlamentares e empresários das regiões para se ter um mínimo de estrutura, com reformas, empréstimos de imóveis e de pessoal, bem como disponibilização de emendas”, aponta a Aespol.
A petição da Aespol foi protocolada na quinta-feira, dia 28. De acordo com Aline Risi, a instituição recebeu o documento e afirmou que irá analisá-lo.