O omeprazol, medicamento que promete diminuir a produção de ácido no estômago e aliviar a queimação na barriga e no peito, faz parte da classe farmacêutica dos inibidores da bomba de prótons (conhecidos como IBPs), ao lado de pantoprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, esomeprazol e rabeprazol.
De acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 64,9 milhões de unidades de omeprazol foram consumidas no país apenas em 2022, mostrando a popularidade da medicação.
No entanto, tais remédios devem ser usados por um prazo bem curto, de no máximo dois ou três meses. Existem, porém, exceções. Para pessoas com determinadas condições de saúde, como, por exemplo, pacientes oncológicos, os profissionais de saúde recomendam uso contínuo de omeprazol ou outras medicações dessa classe.
Porém, o consumo inadequado de inibidores da bomba de prótons sem a orientação de um profissional de saúde está ligado a problemas digestivos e dificuldades na absorção de nutrientes.
Existem alguns estudos que sugerem que o desbalanço causado pelo abuso desses fármacos pode gerar doenças graves, como osteoporose, câncer e demência. Essas repercussões à saúde, no entando, ainda não são consenso na comunidade científica e precisam ser estudadas a fundo, de acordo com fontes da BBC News Brasil.
“Nos últimos anos, foram lançados muitos trabalhos sobre os IBPs, mas os consensos das sociedades médicas dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil entendem que os efeitos sobre o uso prolongado desses remédios ainda precisam ser melhor estudados”, pontua o gastroenterologista Moraes Filho.
É importante ressaltar, mais uma vez, que existem pacientes com condições médicas específicas, como câncer ou uso de anti-inflamatórios, que podem exigir uso contínuo de omeprazol ou de outras medicações dessa classe.
“Nesses casos, os profissionais de saúde fazem a ponderação entre o risco e o benefício”, explica Danyelle Marini, diretora do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).
Já faço uso do omeprazol há tempo: como proceder?
Mas e quem faz uso do omeprazol há meses ou anos por conta própria? Como proceder?
Em primeiro lugar, não se deve interromper o consumo desses comprimidos de forma repentina. Interromper o uso de IBPs exige desmame gradual e a adoção de medidas de estilo de vida para controlar os sintomas.
“Temos pacientes que tomam omeprazol por 10 ou 15 anos sem nenhuma orientação”, alerta Marini. “Como o pH desses indivíduos fica muito básico, o corpo tenta compensar a falta de acidez e secreta quantidades cada vez maiores de uma substância chamada gastrina”.
“O ideal nesses casos é realizar uma espécie de ‘desmame’ gradual da medicação para corrigir o pH aos poucos, se possível com a orientação de um profissional da saúde”, orienta a especialista.
Caso a queimação volte sem o omeprazol, é importante considerar medidas não medicamentosas e mudanças no estilo de vida. O tratamento não farmacológico é fundamental e inclui não se deitar imediatamente após as refeições, aguardando de duas a três horas, elevar a cabeceira da cama de 12 a 15 centímetros e adotar hábitos saudáveis, como manter um peso adequado, praticar atividade física e cuidar da saúde mental.