O presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva toma posse neste domingo, dia 1°, em meio a um contexto histórico no Brasil. Após muito estresse institucional, disputas entre o Executivo e o Legislativo, discurso beligerante em torno de possíveis golpes e atentado contra as urnas eletrônicas, o petista assumirá a nação novamente após 20 anos, quando assumiu em 2003.
É verdade também que o governo Bolsonaro pautou importantes situações ao país. A reforma da Previdência foi necessária para readequar o regime a um país mais velho. Mas, Lula assume um país em um momento de queda do desemprego, mas por baixa qualidade salarial. A massa salarial cai e isso não contribui com uma retomada econômica mais consistente.
Não apenas: o mundo é diferente do que Lula assumiu em 2003. A China crescia 10% ao ano e contribuía com a atividade econômica do Brasil, mesmo com o real valorizado após alguns anos de governo. O país ainda passava por uma forte consolidação fiscal e isso possibilitou fortes avanços sociais.
Desta vez, a China cresce a metade e enfrenta grandes dilemas, como a questão da Covid que tem dizimado chineses. Além disso, o mundo enfrenta momento inflacionário e aperto monetário via aumento de juro, a fim de conter o avanço dos preços. Na política doméstica, vemos a extrema pobreza avançar e já atingir pelo menos 30 milhões de brasileiros e a necessidade de pacificação política.
O momento não é histórico apenas pela situação política extrema, pelo social devastado e pelas variáveis macroeconômicas deturpadas. Mas é histórico por um homem reassumir o país após muitas situações conjunturais adversas. Lula torna-se, a despeito daqueles que vão torcer o nariz para a frase, como um grande líder mundial. Prova disso é a aproximação de vários líderes mundiais da situação geopolítica brasileira.
Mas, o petista terá muito trabalho. Há uma discussão fiscal que se faz necessária; voltar a distribuir renda que enseje alívio social; pautar um novo código tributário que seja mais progressivo e eficiente na arrecadação; e debate sobre a industrialização do país. Não vai ser fácil, mas Lula é experiente.