Foto: Portal Nova Lima/Reprodução




Os moradores de São Sebastião de Águas Claras (Macacos) não ficaram satisfeitos com as respostas entregues pela mineradora Vale na audiência pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na Câmara Municipal de Nova Lima.

As respostas dadas são as mesmas do dia 28 de fevereiro, quando a empresa participou de uma reunião com os vereadores nova-limenses, que cobraram mais respostas da Vale acerca da situação de desalojados no distrito, em decorrência da possibilidade de rompimento das barragens B3/B4. (Leia)

Apenas a demanda sobre a rua Campo do Costa, utilizada pela mineradora para fins de mineração, foi que teve uma resposta mais aprimorada, apesar de ter levantado polêmicas. Os representantes da Vale informaram que uma certidão dada pelo Departamento de Cartografia, assinada pelo Diretor de Cartografia, Hélio Muniz, atesta que a rua não está no plano viário do município e, por isso, a Vale não se apropriou dela.

Esta seria uma rota mais segura de entrada ao bairro, mas há um portão da mineradora no local impedindo a passagem. O vereador Álvaro Azevedo (PSDB), diz ter em posse uma outra certidão atestando que o local é de propriedade do município e subiu o tom contra a empresa.

Os representantes voltaram a afirmar que existe em curso uma redução imediata do volume das represas Capão da Serra e Taquaras para que aconteça o total esvaziamento logo em seguida. Eles relataram que o processo de descomissionamento ainda está em fase de estudos e assim que aprovado pelas autoridades competentes, será repassado para a comunidade.

Um dos questionamentos respondidos pela Vale e que foi extremamente contestado pelo público foi sobre o acompanhamento médico e psicológico. A empresa informa que tem feito sistematicamente os acompanhamentos, que chegaram a ter demanda de 300 pessoas e hoje se encontra entre 20 e 30. Contudo, os moradores da região disseram que possuem dificuldades em conseguir tais atendimentos. A Vale não respondeu sobre as dificuldades.

Já sobre a possibilidade dos moradores retornarem às suas residências, os representantes explicaram que existem medidas a serem tomadas junto a Agência Nacional de Mineração (ANM) para que as barragens retornem ao nível 1. Contudo, se iniciar o descomissionamento, não seria possível o retorno destas pessoas, uma vez que é de praxe evacuar a mancha de inundação para que ocorra o esvaziamento destas estruturas.

A Vale admitiu que errou ao soar a sirene no dia 16 de fevereiro sem conceder maiores explicações de como proceder nestes casos; a situação causou pânico. Por isso, tomou outras medidas em evacuações posteriores, como em Rio de Peixe, por exemplo.

Sem repostas

Ainda está sem respostas a possibilidade da empresa custear a instalação da escola municipal de Macacos em outro prédio para que os alunos não percam mais aulas. Os pais não estão autorizando os alunos a voltarem para o colégio e, também, para a creche, com medo de um possível rompimento.

A Defesa Civil de Nova Lima afirmou que a escola está a 54 metros fora da mancha de inundação em caso de emergência e, por isso, estaria fora de perigo. O dado foi questionado por vereadores e pelos moradores.

Nesta quinta-feira, dia 14, a Secretaria Municipal de Educação promove uma reunião no distrito a fim de discutir esta situação, onde a população poderá votar pelo retorno às aulas ou não. 

Outro questionamento que não foi respondido pela Vale, é sobre a retirada de moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) de hotéis da região. A empresa deverá alugar casas para acomodar estas pessoas. Contudo, os representantes não deram mais explicações sobre a ação.

CPI criada para investigar situação de barragens

A ALMG informou, por meio dos deputados Noraldino Júnior (PSC) e do Professor Wendel Mesquita (Solidariedade), que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aprovada e será instalada nesta quinta-feira para investigar a situação de moradores em áreas de risco e que foram evacuados.

Não apenas: investigarão, ainda, a situação das barragens de rejeitos, relatórios de estabilidade e até mesmo o descomissionamento. O deputado Noraldino, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia, solicitou que a Câmara de Nova Lima produza um documento com todas as reclamações e demandas da população de Macacos e encaminhe para a Assembléia para que a CPI possa deliberar e tomar ações.

Vereadores sobem o tom contra a Vale

Os vereadores Tiago Tito (PSD), Flávio de Almeida (PT) e Álvaro Azevedo (PSDB), subiram o tom contra o que chamaram de descaso da Vale com as demandas da comunidade. A mineradora se encarregou em trazer respostas mais aprimoradas acerca das situações apresentadas, mas não o fizeram causando indignação nas palavras de Tito.

Para Flávio, os representantes não possuem poder de decisão dentro da empresa e, com isso, não conseguem dar respostas à altura das demandas apresentadas pelos moradores. Álvaro ameaçou, novamente, chamar a Polícia Militar caso a mineradora não desaproprie da rua Campo do Costa.

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