A pior tragédia ambiental da história do Brasil completa nesta segunda-feira, dia 5, três anos. A tragédia de Mariana, no distrito de Bento Rodrigues, quando uma barragem de rejeitos rompeu e atingiu o vilarejo, acabando com muitas histórias de vida, transformando o local em destruição.
A barragem era controlada pela Samarco Mineradora S.A, um empreendimento conjunto entre Vale S.A e BHP Billiton. O rejeito atingiu o Rio Doce, que tem caminho entre Minas Gerais e Espírito Santo, abrangendo pelo menos 230 municípios.
Especialistas acreditam que os rejeitos só serão eliminados do rio em 100 anos. O ecossistema também foi muito afetado, já que das 80 espécies que se acreditava existir no rio, 11 estão ameaçadas de extinção.
A lama ainda atingiu o mar do Espírito Santo no dia 22 de novembro.
Protestos
Nesta segunda a BHP Billiton enfrentou protestos em sua sede em Londres. Cinco representantes dos atingidos se reuniram com os representantes da empresa para cobrar ações de reparação no local.
“Estranhamos a frieza da diretora da BHP, mas demos o nosso recado”, disse Mauro Marcos da Silva, morador de Bento Rodrigues.
Os atingidos cobraram ações da Fundação Renova, criada pelas três mineradoras para implementar projetos de reparação.
Livro de morador de Nova Lima
Epaminondas Bittencourt, ex-secretário de Administração da Prefeitura de Nova Lima, escreveu o primeiro livro no mundo a tratar da tragédia de Mariana.
‘A Tragédia de Mariana e o Narcisismo Gerencial Na Pós-Modernidade’, traz uma inédita abordagem do rompimento da barragem de Fundão, em 5 de Novembro de 2015, ricamente ilustrada por fotografias feitas na sequência do desastre que ceifou vidas, destruiu cidades, matou e comprometeu a flora, a fauna e as águas do legendário Rio Doce.
Tendo como fio condutor o ciclo do ouro, que legou ao Estado o nome, Minas Gerais, e um singular e rico patrimônio cultural. Epaminondas Bittencourt esmiúça a historia da mineração, do ouro ao minério de ferro, até chegar aos dias atuais. Para ele, o desastre é fruto de uma gestão narcisista focada na produção, em total detrimento da responsabilidade social corporativa, como revelou a análise do discurso construída da própria mineradora, a SAMARCO, tendo como referência os balanços e relatórios oficiais.
Diante de empreendimentos de tamanha magnitude, gravidade social e ambiental, o cumprimento do papel do Estado ressalta, naturalmente, como um desafio inadiável. E é nesse sentido que o livro traz também, em primeira mão, o Projeto de Lei que institui a Política Estadual dos Atingidos por Barragens e outros Empreendimentos (PEABE). Elaborado com a participação da sociedade civil, o projeto tem como objetivo saldar uma dívida histórica, estebelecendo diretrizes e mecanismos para balizar a ação dos empreendedores e do Estado nas tratativas de reparação e de garantias de direitos às pessoas e às populações que, em razão da implantação de barragens, têm a sua vida e a de suas famílias ameaçadas.
Veja as imagens do livro que foram registradas por Bittencourt: